A genialidade africanista de Moacir Santos tem também a acuidade da emergência afro epistemológica de Ney Lopes, com isso sugere uma pintura de africanização bantu utópica, mimetizada na musicalidade da alegria guerreira do maracatu. A irreverência negra do seu projeto musical que chega ao paroxismo, na interpretação afro baiana própria do tropicalismo de Gilberto Gil. Há possibilidades que essas três excepcionalidades, das relações étnico-raciais da africanidade, unidas para luta vão buscar o amor nas lições de Luanda. A principal lição de amor angolano está no poema de Agostinho Neto, com um verso da união na essência amorosa no seio da história, ensinando a cirurgia revolucionaria do nascimento de um novo povo angolano unido foi feito, tal como um parto que se deu na união guerreira da luta contra o anacronismo colonial.
Alexandre Vargas demonstra seu sentimento negro na musicalidade do choro, que encontrou no Garoto sua maestria. A dimensão autoral desse histórico chorão é interpretada pela genialidade baiana do arranjo de Alexandre Vargas, que constrói uma tensão harmônica com o baixo pedal, buscando o relaxamento na batida do samba, africanizado com uma batida inequivocamente idêntica ao toque do cabila, presente nos cultos do candomblé. O pesquisador Alexandre Vargas interpreta com sua africanidade no violão, com uma criatividade original em que o toque do cabila estabelece uma relação dialógica com as acentuações típicas dos surdos da escola de samba.
Quilombo Academia
O Quilombo Academia é transmitido as quintas-feiras, às 13 horas, com reapresentação aos domingos, às 19 horas e 30 minutos, na Rádio USP São Paulo e Ribeirão Preto, e também por streaming. As edições do programa estão disponibilizadas nos podcasts do Jornal da USP (jornal.usp.br) e nos agregadores de áudio como Spotify, iTunes e Deezer.
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