A música de Emilio Santiago está construída com base no ritmo da bossa nova, com destaque instrumental do piano, mostrando notáveis momentos, do solo e da harmonia. A criatividade do Emilio tem uma relação estreita com a musicalidade da negritude de Johny Alf, cujo arranjo com textura jazzística, dialoga com o afro diaspórico estadunidense. Emilio Santiago sugere que a tamboralidade negra, como componente estrutural do movimento bossa novista denuncia, contudo, a esquizofrenia racial da classe média, eurocaucasiana da zona sul carioca, que tentava negar.
A vertente estadunidense da africanidade diaspórica matizada do Rythm está presente na virtuosidade, que há na criatividade da força autoral e na sensibilidade da interpretação de Rosa Marya Colin. Com isso essa diva se torna o maior ícone feminino do jazz brasileiro. A dimensão léxica da sua arte dialoga com a teologia, buscando demonstrar que a mitologia grega tem genes, na culturalidade egípcio-bantu, que é a mais antiga civilização da história da humanidade. Rosa Marya traz uma abordagem sobre a irreverência negra na trajetória mitológica da Eva, que constitui uma crítica ao machismo patriarcal eurocaucasiano. Na música dela é também perceptível a influência da baianidade negra de traço universitário. Isso é cristalino no tratamento criativo de nuance jazzística, que se tem na acuidade metodológica da interpretação acadêmica da dupla baiana, formada por Anderson Brasil e Aiace Felix. Esses dois jovens mostram como a negritude musical da Rosa Marya é reinventada no emergente academicismo musical soteropolitano.
Quilombo Academia
O Quilombo Academia é transmitido as quintas-feiras, às 13 horas, com reapresentação aos domingos, às 19 horas e 30 minutos, na Rádio USP São Paulo e Ribeirão Preto, e também por streaming. As edições do programa estão disponibilizadas nos podcasts do Jornal da USP (jornal.usp.br) e nos agregadores de áudio como Spotify, iTunes e Deezer.
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