
É de conhecimento geral que anfíbios, peixes, escorpiões e serpentes carregam substâncias venenosas, cujas picadas podem ser fatais se não houver tratamento imediato. Por essa razão, instituições de pesquisa concentram esforços na criação de soros capazes de neutralizar os efeitos dessas toxinas. Nesta edição do podcast Pílula Farmacêutica, a acadêmica Amanda Pereira de Araujo, orientada pela professora Regina Andrade da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, fala sobre o soro contra veneno de serpentes.
Segundo Amanda, o nome do soro para veneno de serpentes é antibotrópico e tem a função de neutralizar o veneno ainda não fixado nos tecidos por meio de anticorpos existentes no soro. Por isso, deve ser utilizado o mais rapidamente possível nos acidentes por picadas de serpentes do gênero Bothrops (jararacas, surucucus, comboia, urutu e jararacuçu). “É muito importante que a serpente que picou o paciente seja identificada, para que a equipe médica possa realizar o tratamento o mais rápido possível”, afirma a acadêmica.
Amanda também informa que o soro realiza sua ação neutralizadora em até 24 horas, normalizando os problemas eventuais causados na coagulação. Sobre as contraindicações, a acadêmica explica que não existe uma específica para o uso do soro, porém, recomenda-se que tomem cuidados extras com alimentação prévia e ingestão de bebidas.
Ao falar de efeitos adversos, Amanda afirma que existe a possibilidade de febre, urticária, tosse, náuseas, diarreia em casos leves, e em casos mais raros, perda de consciência e hipotensão arterial, além de taquicardia. “No entanto, é importante ressaltar que os soros produzidos precisam passar pelo controle de qualidade, logo os soros possuem alta segurança”, informa.
Por fim, sobre apoio financeiro para produzir os soros, a acadêmica declara que o Instituto Butantan foi contemplado com um investimento, financiado pelo atual governo federal, no valor de R$ 42 bilhões para ser usado até o ano de 2026. “Este marco é muito importante, considerando a necessidade que o Brasil teve de depender de recursos de países do exterior durante a pandemia. Logo, ter essa autonomia nos investimentos da saúde é muito útil”, finaliza.
Coordenação: Rosemeire Talamone