
Já ouviu falar dos tipping points? São os chamados “pontos de não retorno” da crise climática — situações em que as características de um sistema natural são alteradas de forma tão drástica pela ação humana que esse sistema muda para sempre de configuração, sem chance de voltar ao que era antes. O mais famoso, talvez, seja o ponto de não retorno da Amazônia, em que a floresta, hoje tropical, fica mais seca e começa a se transformar numa espécie de savana. Mas há muitos tipping points também no ambiente marinho, e pesquisadores alertam que alguns deles podem estar muito próximos de serem atingidos, como a mortalidade em massa de corais e a quebra do sistema de correntes do Oceano Atlântico.
“O mundo está em uma trajetória desastrosa. Ultrapassar um ponto de inflexão negativo pode desencadear outros, causando um efeito dominó de mudanças aceleradas e incontroláveis nos nossos sistemas de suporte à vida. Prevenir isso – e fazê-lo de forma equitativa – deveria ser o objetivo e a lógica balizadora de um novo quadro de governança global”, diz o relatório Global Tipping Points, elaborado por centenas de cientistas e publicado em dezembro de 2023.
Esse é um dos temas centrais do quinto e último episódio do podcast O Mar Não Está Pra Peixe, uma produção do Jornal da USP, com apoio do Instituto Serrapilheira, que fala sobre a importância do oceano em nossas vidas e os impactos negativos de diversas atividades humanas sobre os ecossistemas marinhos. O podcast está disponível no site do Jornal da USP e nas principais plataformas de áudio (Spotify, Apple Podcasts e CastBox).
Há vários acordos, tratados e iniciativas internacionais que buscam combater a crise ambiental e criar um modelo de desenvolvimento mais sustentável para a continuidade da vida no planeta Terra — que, apesar do nome, é 70% coberto de oceano. O problema é que muitos dos objetivos colocados nesses acordos ainda estão muito longe de serem cumpridos. Por exemplo, a meta de proteger 30% do oceano global até 2030, da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU. Atualmente, essa taxa é de apenas 8%; o que é pouco, mas não faltam estudos mostrando que áreas protegidas podem ser extremamente eficazes na conservação da biodiversidade marinha, desde que sejam bem implementadas e bem geridas.
Um dos exemplos positivos, apresentado no podcast, é o do mosaico de áreas protegidas marinhas do Estado de São Paulo, que registrou uma verdadeiro “desfile” de megafauna marinha no primeiro semestre deste ano.
Veja abaixo a lista completa dos episódios, com seus temas e datas de lançamento:
- 4/7 — Episódio 1: Em águas quentes
- 18/7 — Episódio 2: Entre a rede e o anzol
- 1º/8 — Episódio 3: Afogando em plásticos
- 15/8 — Episódio 4: Destruição à beira-mar
- 29/8 — Episódio 5: Tempestade perfeita