Pesquisa de mestrado apresentada na Faculdade de Educação (FE) da USP investigou e analisou diversos aspectos da fundação do Núcleo de Consciência Negra (NCN) da USP, que aconteceu em 1987, dois anos após o final da ditadura militar no Brasil. “Apresentei meu estudo em 2024, mas as pesquisas terminaram por volta de 2021 a 2022 “, contou a pesquisadora Juliana da Silva Siqueira, na entrevista desta quinta-feira (20) no podcast Os Novos Cientistas. Ela é autora do estudo A formação do Núcleo de Consciência Negra na Universidade de São Paulo : uma trajetória política apoiada na educação como forma de resistência e luta antirracista. “O NCN surgiu como forma de resistência e com a missão de promover um grande debate sobre o racismo”, disse Juliana.
Segundo Juliana, entre as motivações que levaram à fundação da entidade, algumas reclamações de racismo na Universidade e a constatação da pouca representatividade negra nos diversos setores da USP. “A população de mulheres e homens negros dentro da USP trabalhava em atividades de menor prestígio”, disse Juliana no bate-papo com o jornalista Antonio Carlos Quinto. Assim, como narrou a pesquisadora, o NCN surgiu com um questionamento: O que fazer para chamar a atenção da Universidade para chamar a atenção da universidade para a questão do racismo?
E o racismo na USP, como informou a pesquisadora, fazia parte da estrutura. Ela lembrou, por exemplo, o caso de três faxineiras negras que almoçavam dentro de um banheiro por que não havia um refeitório. “Além desta reclamação, tantas outras surgiram e acabaram por justificar a existência do NCN”, contou. Com o passar do tempo, o debate político também se transformou em ações educacionais direcionadas para a comunidade negra e não negra, e até fora da Universidade. Como informou Juliana, o Núcleo de Consciência Negra ainda é presente e atuante dentro da USP, “promovendo ações afirmativas que visam educar a população negra em atos públicos, cursinho pré-vestibular, cursos de idiomas, alfabetização, cultura e arte”.
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