Mosaicos Culturais #35: Um berro decolonial de E.M.I.C.I.D.A. a contemplar a pluralidade da multidão

Ouvintes da Rádio USP podem ouvir o rap AmarElo, que utiliza um sample da canção Sujeito de Sorte, de Belchior, com E.M.I.C.I.D.A., Majur e Pablo Vittar, que ressoava nos fones de ouvido de Anani de Oliveira estudante de Letras na USP

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 Publicado: 03/06/2024
Mosaicos Culturais - USP
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Mosaicos Culturais #35: Um berro decolonial de E.M.I.C.I.D.A. a contemplar a pluralidade da multidão
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Leandro Roque de Oliveira, artista que usa o acrônimo E.M.I.C.I.D.A. – Enquanto Minha Imaginação Compuser Insanidades Domino a Arte –, é rapper, cantor e compositor. Seu currículo conta com três álbuns de estúdio. explora os gêneros musicais do samba, samba-rock e rap.

A composição AmarElo é de autoria de Felipe Vassao, Emicida e Dj Duhé. O título é inspirado em um poema do renomado poeta, escritor, crítico literário, tradutor e professor Paulo Leminski (1944 -1989)

Amar é um elo
Entre o azul
E o amarelo.

Lançada no ano de 2019, a música conta com as participações das vozes de Pabllo Vittar e Majur.
“Assim como o prisma decompõe a luz branca em muitas outras cores, eu gostaria de decompor o preconceito em muitas outras possibilidades unidas no AmarElo“ (fala de EMICIDA no documentário AmarElo – É Tudo para ontem, de 2020).

Capa do álbum AmarElo. E.M.I.C.I.D.A. 2019

AmarElo utiliza um sample da canção Sujeito de Sorte, de Belchior, escrita em 1973, durante os anos de ditadura militar no Brasil, presente no álbum Alucinação. A música faz alusão às lutas contra a segregação racial e social e evidencia a realidade de favelas e periferias brasileiras, especialmente a escassez, a falta de recursos básicos, como alimentação.

A busca pelo nirvana é o recurso
Vários versos da música são autobiográficos. “Perder não é opção”, canta Emicida em AmarElo.

 

Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes
Elas são coadjuvantes, não, melhor, figurantes
Que nem devia tá aqui
Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes
Tanta dor rouba nossa voz, sabe o que resta de nós?
Alvos passeando por aí
Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes
Se isso é sobre vivência, me resumir à sobrevivência
É roubar o pouco de bom que vivi
Por fim, permita que eu fale, não as minhas cicatrizes
Achar que essas mazelas me definem é o pior dos crimes
É dar o troféu pro nosso algoz e fazer nóis sumir

(Estrofe do poema Permita que eu fale, escrito por Emicida e inserido à música).

Ao som de AmarElo, Anani de Oliveira, estudante de Letras com habilitação em italiano na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), participou da enquete do programa Mosaicos Culturais, da Rádio USP. Anani afirma que todas as músicas de Emicida são suas favoritas. Ela interpreta a letra como uma metáfora: No ano passado eu quase desisti, mas este ano eu me reergui e estou mais forte do que nunca. Uma reafirmação da força da vida. “Tentaram me derrubar”, ela diz, “mas estou aqui, de pé para enfrentar os desafios.”

Ouça o podcast no link acima.

O programa celebra a diversidade cultural, a riqueza da música brasileira e cria um senso de comunidade. O objetivo é dar voz aos estudantes da USP por meio de entrevistas sobre gostos e percepções musicais. Este podcast reproduz a experiência de escuta no programa Mosaicos Culturais – Ouça o Que os Estudantes Ouvem, transmitido nos dias 31 de maio e 3 de junho de 2024.


Mosaicos Culturais
Ouça o que estudantes ouvem

Estudantes da USP podem participar de Mosaicos Culturais. Basta gravar um áudio respondendo à pergunta “O que você anda ouvindo?” e enviá-lo para a Rádio USP pelo WhatsApp (11) 97281-5789.
Mosaicos Culturais
vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 11h e às 16h na Rádio USP (93,7 MHz, em São Paulo, e 107,9 MHz, em Ribeirão Preto), e ainda via internet, através do site da emissora no link jornal.usp.br/radio/. É possível também sintonizar a versão podcast pela internet em jornal.usp.br/podcasts/ Todos os episódios de Mosaicos Culturais – Ouça o Que os Estudantes Ouvem estão disponíveis na página de seu arquivo neste link.

Apresentação e edição: Caroline Kellen
Identidade sonora e produção: Bruno Torres
Edição: Cid Araujo
Supervisão: Magaly Prado

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A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.