Mosaicos Culturais #30: Jorge Ben Jor quer ver o que vai acontecer quando Zumbi chegar

Ouvintes da Rádio USP poderão ouvir os versos “Angola, Congo, Benguela/ Monjolo, Cabinda, Mina/ Quiloa, Rebolo”, que representam os territórios africanos de onde vinham os escravizados para o Brasil, que ecoavam nos fones de ouvido de Lila Peres, estudante do Prolam, da USP

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 27/05/2024 - Publicado há 1 mês
Mosaicos Culturais - USP
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Mosaicos Culturais #30: Jorge Ben Jor quer ver o que vai acontecer quando Zumbi chegar
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Zumbi é uma composição de Jorge Ben Jor. Com uma letra que alude a Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência negra contra a opressão, personagem histórico e líder do Quilombo dos Palmares, no século 17. Zumbi foi lançada no álbum A Tábua de Esmeralda, de 1974. (Saiba mais clicando aqui). Dois anos depois, o compositor regravou a canção para o álbum África Brasil, com diversas modificações em relação à versão original, e ela foi rebatizada com o nome desse LP.

Capa do álbum: A Tábua de Esmeralda, de Jorge Ben Jor. Philips. 1974. Foto: Reprodução

Versão de 1974
Era caracterizada por uma sonoridade acústica e leve, em sintonia com a temática mística desse disco. Ressaltando a letra cantada, a voz de Jorge Ben Jor aparece mais alta do que o acompanhamento instrumental, marcado pelo uso do violão – instrumento predileto até então do cantor – combinados a violino e cello.

Versão de 1976
Jorge Ben Jor alterou a estrutura da letra e os arranjos originais foram completamente modificados, ganhando uma pegada mais pesada e funk, inspirada na black music norte-americana, em especial pela soul music de Memphis (EUA), e que privilegiava o acompanhamento instrumental. Em lugar do tom mais suave e acústico da versão de 1974, foram incorporados o baixo elétrico e a guitarra elétrica junto a atabaques e outros instrumentos de percussão. Na mixagem de som, a voz de Ben Jor apareceu quase na mesma frequência dos instrumentos, uma iniciativa que aproximou o cantor de alguns gêneros do rock e o afastou do formato típico da MPB daquela época.

Um solo do piano de pouco mais de 10 segundos abre a música. Em seguida, o toque do agogô introduz o vocal e o conjunto instrumental. Tanto este instrumento como a cuíca são utilizados ao longo da faixa para marcar os contratempos da percussão, que combinados ao baixo, à guitarra elétricos e efeitos produzidos por um sintetizador, conferem modernidade à canção.

O volume da voz do cantor cresce à medida que aumenta a sonoridade do acompanhamento instrumental, um efeito que amplia a tensão do anúncio da vinda de Zumbi com a entoação do refrão composto pelos versos que nos transporta para as terras de “Angola, Congo, Benguela/ Monjolo, Cabinda, Mina/ Quiloa, Rebolo”. O refrão é acompanhado por instrumentos de sopro. No conjunto percussivo, se destacam ainda a cuíca emitindo um som percussivo e melódico ao mesmo tempo e o agogô no contratempo dos atabaques e de outros instrumentos graves (com informações da Wikipédia).

Ao som que convoca Zumbi dos Palmares a liderar a luta por um futuro mais justo e igualitário em um hino à resistência e à luta pela liberdade, Lila Peres, estudante do Prolam, o programa de pós-graduação em integração na América Latina da USP, participou da enquete do programa Mosaicos Culturais, da Rádio USP. Lila declara sua paixão pela música popular brasileira e por Jorge Ben Jor. “A música fala da história do Brasil de uma maneira afrocentrada, conta quem foi Zumbi, a resistência afro …”

Zumbi de Jorge Ben Jor é um convite à ação, um hino à resistência e uma celebração da cultura afro-brasileira. É uma obra que nos emociona, nos inspira e nos convida a construir um futuro no qual a liberdade e a igualdade sejam realidades para todos.

Ouça o podcast no link acima.

O programa celebra a diversidade cultural, a riqueza da música brasileira e cria um senso de comunidade. O objetivo é dar voz aos estudantes da USP por meio de entrevistas sobre gostos e percepções musicais. Este podcast reproduz a experiência de escuta no programa Mosaicos Culturais – Ouça o Que os Estudantes Ouvem, transmitido nos dias 24 e 27 de maio de 2024.


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Ouça o que estudantes ouvem

Estudantes da USP podem participar de Mosaicos Culturais. Basta gravar um áudio respondendo à pergunta “O que você anda ouvindo?” e enviá-lo para a Rádio USP pelo WhatsApp (11) 97281-5789.
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vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 11h e às 16h na Rádio USP (93,7 MHz, em São Paulo, e 107,9 MHz, em Ribeirão Preto), e ainda via internet, através do site da emissora no link jornal.usp.br/radio/. É possível também sintonizar a versão podcast pela internet em jornal.usp.br/podcasts/ Todos os episódios de Mosaicos Culturais – Ouça o Que os Estudantes Ouvem estão disponíveis na página de seu arquivo neste link.

Apresentação e edição: Caroline Kellen
Identidade sonora e produção: Bruno Torres
Edição: Cid Araujo
Supervisão: Magaly Prado

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