Francisco Buarque de Hollanda, conhecido como Chico Buarque, é um ícone multifacetado: cantor, compositor, violonista, dramaturgo, escritor e ator. Considerado o maior artista vivo da música brasileira, sua discografia conta com aproximadamente oitenta obras, entre discos solo, parcerias e compactos. Filho de Sérgio Buarque de Hollanda, renomado historiador e jornalista, e primo distante de Aurélio Buarque de Hollanda, lexicógrafo e tradutor, Chico abandonou o curso de Arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) para se dedicar integralmente à carreira artística. Seus primeiros sucessos, Sonho de um Carnaval e Pedro Pedreiro, marcaram o início de uma trajetória brilhante. Ao longo de sua carreira, ele foi agraciado com 11 troféus nas categorias de Melhor Canção em Língua Portuguesa, Melhor Álbum de Música Popular Brasileira, Melhor Vídeo Musical em Formato Longo, Melhor Álbum de Cantor-Compositor e Álbum do Ano do Grammy Latino.
Em Construção, a genialidade de Chico Buarque reside na maestria com que ele entrelaça crítica social e poesia. A morte do trabalhador, banalizada pelo ritmo acelerado da cidade, serve como metáfora para a desumanização e a invisibilidade dos mais marginalizados na sociedade.
O álbum do cantor e compositor Chico Buarque estreou junto com a música em 1971. Construção se tornou um marco da música popular brasileira, eternizando-se como a segunda melhor canção nacional, segundo enquete realizada em 2001 do jornal Folha de S. Paulo, atrás apenas de Águas de Março de Tom Jobim. A revista Rolling Stone a consagrou como a “maior canção brasileira de todos os tempos”.
“… Morreu na contramão atrapalhando o sábado / o tráfego / e o público”
A letra foi composta em versos dodecassílabos, alternando sempre e terminando numa rima proparoxítona. A complexa estrutura poética se contrapõe à simplicidade dos acordes com extasiantes arranjos do maestro Rogério Duprat no uso destacado de uma orquestra sinfônica sublinhando a melodia com crescente intensidade, seguindo uma lógica de repetição à medida que se sucedem as imagens da história acentuando a impotência e a dor diante da tragédia.
A narrativa, circular, retrata o cotidiano de um trabalhador da construção civil morto – de maneira trivial – no exercício de sua profissão criando um efeito hipnótico que intensifica a carga dramática da canção.
O Brasil estava em plena época da ditadura militar (1964-1985) sob o comando do General Emílio Garrastazu Médici. Embora Chico Buarque tenha negado a intenção de fazer uma música de protesto, Construção se tornou um hino de resistência contra a opressão e a indiferença. A canção transcende o tempo e o espaço, ecoando como um lamento pela vida ceifada e um chamado à reflexão sobre a fragilidade da existência humana.
O grupo MPB-4 participa do coro musical. Após o último verso do terceiro bloco, surge uma reprise com três estrofes de Deus lhe pague, canção que abre o disco Construção. Gravado no Estúdio Phonogram, teve direção de produção e de estúdio de Roberto Menescal. Os técnicos de gravação foram Toninho e Mazola, e a direção musical de Magro.
Ao som de Construção, Daniel Ramos, estudante de Física no Instituto de Física da USP, participou da enquete do programa Mosaicos Culturais, da Rádio USP. Daniel conta que a canção desconstrói um problema social presente na realidade brasileira da ditadura militar.
Ouça o podcast no link acima
O programa celebra a diversidade cultural, a riqueza da música brasileira e cria um senso de comunidade. O objetivo é dar voz aos estudantes da USP por meio de entrevistas sobre gostos e percepções musicais . Este podcast reproduz a experiência de escuta no programa Mosaicos Culturais – Ouça o Que Estudantes Ouvem, transmitido nos dias 4 e 5 de novembro de 2024.
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Mosaicos Culturais
Ouça o que estudantes ouvem
Estudantes da USP podem participar de Mosaicos Culturais. Basta gravar um áudio respondendo à pergunta “O que você anda ouvindo?” e enviá-lo para a Rádio USP pelo WhatsApp (11) 97281-5789.
Mosaicos Culturais vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 11h e às 16h na Rádio USP (93,7 MHz, em São Paulo, e 107,9 MHz, em Ribeirão Preto), e ainda via internet, através do site da emissora no link jornal.usp.br/radio/. É possível também sintonizar a versão podcast pela internet em jornal.usp.br/podcasts/ Todos os episódios de Mosaicos Culturais – Ouça o Que os Estudantes Ouvem estão disponíveis na página de seu arquivo neste link.
Apresentação e edição: Caroline Kellen
Identidade sonora e produção: Bruno Torres
Edição: Cid Araujo
Supervisão: Magaly Prado
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