Mosaicos Culturais #132: O sertão distópico na trilha de “Bacurau”

Ouvintes da Rádio USP podem ouvir a canção Réquiem para Matraga com critica às desigualdades e abordagem sobre a força de um povo que luta por sua existência, que ecoava nos fones de ouvido de Regina Lemmi, estudante de Jornalismo na USP

 Publicado: 30/10/2024 às 16:21
Mosaicos Culturais - USP
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Mosaicos Culturais #132: O sertão distópico na trilha de "Bacurau"
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Música no Cinema

Bacurau é um filme franco-brasileiro dos gêneros drama, terror gore e ficção científica, lançado em 2019. Produzido por Emilie Lesclaux, Saïd Ben Saïd e Michel Merkt, o longa é estrelado por Sônia Braga, Udo Kier, Silvero Pereira e Bárbara Colen. 

Cartaz do filme Bacurau, do diretor Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, 2019. Foto: Reprodução

O filme foi exibido em festivais de prestígio, incluindo  o Festival de Nova York, Festival du Nouveau Cinéma de Montréal, Festival de Cinema de Munique. Em 2019, Bacurau  conquistou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes.

O título Bacurau faz referência ao apelido do último ônibus da madrugada em Recife e à ave de hábitos noturnos que vive nos sertões brasileiros. 

Na trama, ambientada em  uma pequena cidade no oeste de Pernambuco, a comunidade sofre o impacto da morte de sua matriarca, Carmelita. Logo, os moradores percebem que Bacurau desapareceu dos mapas,  enquanto eventos estranhos começam a ocorrer – carros crivados de tiros, cadáveres espalhados e a chegada de estrangeiros com planos de extermínio. A população se organiza para identificar e enfrentar a ameaça (com informações da Wikipédia). 

Conforme o consenso crítico do site Rotten Tomatoes: “Formalmente empolgante e narrativamente ousado, Bacurau se baseia nas preocupações sociopolíticas brasileiras modernas para apresentar um drama contundente e que mistura o gênero.”

Entre as músicas do filme, Réquiem para Matraga, de Geraldo Vandré, se destaca. A faixa foi lançada originalmente no álbum Pra Não Dizer que Não Falei das Flores (1979). Cantor, compositor, poeta e advogado, Vandré teve sua trajetória marcada pela militância estudantil e pela perseguição durante a ditadura militar. Após o exílio, em 1973, ele abandonou a carreira musical, tendo sido anistiado em 1979 (com informações da Wikipédia).

O título Réquiem para Matraga alude à novela de Guimarães Rosa A Hora e Vez de Augusto Matraga (1946), que conta a trajetória de Augusto Esteves, um homem que, ao escapar da morte, busca redenção e dignidade. A obra aborda temas como vingança e justiça na vida sertaneja.

Com apenas dez versos e duas rimas, acompanhada de um violão, a letra de Réquiem para Matraga trata da resistência e da luta popular, refletindo sobre a vida e a violência. A canção complementa a mensagem de Bacurau, contribuindo para o impacto emocional das cenas.

Ao som de Réquiem para Matraga, Regina Lemmi, estudante de Jornalismo na Escola de Comunicação e Artes da USP, participou da enquete do programa Mosaicos Culturais, da Rádio USP. Regina destacou Bacurau como um dos melhores filmes que já viu, afirmando que a trilha sonora intensifica o impacto das cenas para o espectador.

Ouça o podcast no link acima
O programa celebra a diversidade cultural, a riqueza da música brasileira e cria um senso de comunidade. O objetivo é dar voz aos estudantes da USP por meio de entrevistas sobre gostos e percepções musicais . Este podcast reproduz a experiência de escuta no programa Mosaicos Culturais – Ouça o Que Estudantes Ouvem, transmitido nos dias 29 e 30 de outubro de 2024.

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Por Regina Lemmi
Estagiária sob supervisão de Magaly Prado


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vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 11h e às 16h na Rádio USP (93,7 MHz, em São Paulo, e 107,9 MHz, em Ribeirão Preto), e ainda via internet, através do site da emissora no link jornal.usp.br/radio/. É possível também sintonizar a versão podcast pela internet em jornal.usp.br/podcasts/ Todos os episódios de Mosaicos Culturais – Ouça o Que os Estudantes Ouvem estão disponíveis na página de seu arquivo neste link.

Apresentação e edição: Caroline Kellen
Identidade sonora e produção: Bruno Torres
Edição: Cid Araujo
Supervisão: Magaly Prado

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