
A evolução dos modais de transporte, um projeto desenvolvido a partir da parceria entre a Escola Politécnica da USP e a empresa Vale, rendeu um prêmio na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática de 2021, a COP26, um potencial destaque. A tecnologia utilizada baseia-se no uso de velas rotativas, desenvolvidas pela Vale e aprimoradas a partir da análise de um Tanque de Provas Numéricas. O resultado foi a obtenção de um sistema que permite a redução de custos operacionais, o consumo de combustíveis e emissões de gases de efeito estufa.
A procura pelo desenvolvimento do projeto seguiu questões de ordem ambiental e econômica. Ele surgiu a partir de um programa de pesquisa e desenvolvimento denominado ecoship, em 2017. Desde então, ele teve como objetivo desenvolver e acelerar a maturidade de tecnologias para a redução de emissões na navegação internacional, como bem descreve o engenheiro Rodrigo Bermelho.
O engenheiro também adiciona: “O primeiro objetivo é ambiental, de redução das emissões de gases de efeito estufa, mas a gente acredita também que, no longo prazo, você pode trazer muitos benefícios econômicos, através de desenvolvimento de soluções que estejam adaptadas ao tipo de características e também de redução do consumo de combustível, que é um componente muito importante do curso do frete total”.
O comprometimento com o meio ambiente foi pensado com o mecanismo desenvolvido pelos pesquisadores, no momento de montagem do mecanismo acoplado ao barco: os cilindros rotativos. O professor Claudio Mueller Prado Sampaio, titular do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Poli USP, detalha os processos do projeto, que, diferentemente dos navios cargueiros, foge da completa necessidade da queima de combustíveis fósseis, justamente por combinar tecnologia à propulsão por vento.
Essa combinação foi possível graças aos chamados cilindros rotativos, que funcionam com o mesmo “princípio das embarcações à vela”, como explica o professor Claudio Mueller. Então, dependendo das condições de vento, é possível gerar uma força que demanda menor energia de combustão e um motor com menor potência e consumo de combustíveis fósseis. Tanques de Provas Numéricos foram utilizados para o monitoramento do protótipo, o que possibilitou um monitoramento mais de perto do protótipo.
Questões de ordem técnica e mercadológica ainda precisam ser resolvidas, para que mais embarcações sejam contempladas com o projeto de cilindros rotativos. O engenheiro Rodrigo Bermelho destaca que um dos principais desafios encontrados na implementação da tecnologia foi adaptá-la para as instalações portuárias, bem como o treinamento da equipe que será colocada em contato com os cilindros.
Ainda é necessário desenvolver a parte de validação de “ganhos de eficiência”, parte que Bermelho diz ser crucial para que o projeto seja escalado em outras embarcações: “Eu acho que, daqui para frente, a gente vai ver mais navios instalando diferentes tipos de tecnologia para usar essa energia [eólica] que está na origem da navegação”, finaliza Rodrigo Bermelho.