Momento Sociedade #8 Eficiência na mobilidade urbana passa por regulamentação de patinetes

“Mobilidade não é o veículo, não é o carro, que aparece sempre como vilão. É a integração entre os diferentes modais. Há uma necessidade de integrar esses diferentes sistemas, para levar as pessoas do ponto A ao B, no menor tempo possível, com o maior conforto”, esclarece José Luiz Portella

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 13/08/2019 - Publicado há 5 anos     Atualizado: 26/08/2019 as 11:39
Momento Sociedade - USP
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Momento Sociedade #8 Eficiência na mobilidade urbana passa por regulamentação de patinetes
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No Momento Sociedade desta semana trata de patinetes, ciclovias, ciclofaixas, sistema cicloviário, mobilidade nas grandes cidades, os novos modais que surgiram. A Prefeitura de São Paulo publicou, no Diário Oficial, o decreto regulamentando essas modalidades de transporte. Entre as regras, são definidas a velocidade máxima de 20 km/h para os patinetes e a demarcação de locais de circulação permitida.

“Os patinetes apareceram com muita força na capital paulista. Realmente existiu a necessidade de uma normatização”, defende José Luiz Portella, doutorando em História Econômica na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e ex-secretário estadual de Transportes Metropolitanos, ao Jornal da USP no Ar. O pesquisador indica que tudo que está na esfera pública deve ser regulamentado. “Mobilidade não é o veículo, não é o carro, que aparece sempre como vilão. É a integração entre os diferentes modais. Há uma necessidade de integrar esses diferentes sistemas, para levar as pessoas do ponto A ao B, no menor tempo possível, com o maior conforto”, esclarece.

Nesse sentido, o ex-secretário comenta que os espaços para os modais alternativos não devem ficar nos números. “Em 2016, foram comemorados os 400 quilômetros de ciclovia. Mas, para fazê-las, não é só pintar as ruas. Ciclovias têm por definição uma separação física do leito da via. Ciclofaixas são as marcações na própria rua. E ciclorrotas são caminhos sinalizados, onde o motorista tem um cuidado especial com o ciclista, de maneira a desviar o ciclista das vias de maior fluxo”, explica Portella.

O doutorando fala que “o brasileiro tem o mau hábito de querer aparecer na foto do lançamento do projeto, porém abandoná-lo durante sua implementação”. Conforme ele, há de se prezar a filosofia do negócio, da compra, mas também o da manutenção. “Das ciclofaixas de São Paulo, já vi muitas esburacadas, com a separação física quebrada”, aponta.

Portella explica que, consolidando normas para patinetes e bicicletas, é melhorado até o dia a dia do motorista. “Cada modal é adequado para uma categoria de movimentação. O Metrô oferece um bom transporte de alta intensidade de fluxo. Ônibus dentro do corredor é uma modalidade, solto na rua é outra. Você instalando uma ciclovia em um local de alta demanda, como de uma estação de Metrô ao Parque Ibirapuera, desafoga o tráfego para os outros modais”, explica.

“Em transportes, a ilusão do fim do carro não basta. Londres, por exemplo, tem uma linha metroviária capilarizada, pedágio urbano, e as pessoas ainda recorrem ao automóvel. Nenhum modal deve ser priorizado. Cada um deles tem de ser alocado no seu desempenho ótimo, de maneira a harmonizá-los”, explica o ex-secretário. De acordo com ele, com um sistema eficiente, conservado e bem regulamentado se garante conforto e segurança para a população.


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