De acordo com dados do Plano Municipal de Habitação, a cidade de São Paulo precisaria de 358 mil novas moradias para zerar seu déficit habitacional. De acordo com o mesmo relatório, a capital paulista possui 1.385 imóveis ociosos, abandonados ou subutilizados em terrenos vazios.
Além disso, a cidade tem outros 830 mil domicílios em locais precários e que precisam de regularização – algo que a Prefeitura já está fazendo com a Lei da Anistia – ou de melhorias.
Pensando nesses números, o Momento Cidade desta semana buscou especialistas para responder: por que temos tantas casas vazias em São Paulo?
Em entrevista, o professor Guilherme Wisnik, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, explica que não são apenas casas, mas, sobretudo, apartamentos. “São imóveis nas áreas centrais principalmente, isto é, em regiões da cidade onde houve desvalorização e os proprietários, ao invés de venderem, porque venderiam na baixa do mercado, ficam mantendo aquele imóvel fechado vazio, esperando uma valorização futura”, esclarece.
Para ele, a cidade pode combater essa prática de especulação “criando mecanismos para onerar esses proprietários de imóveis que mantêm os imóveis vazios”.
Já a professora Paula Santoro, coordenadora do Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade (LabCidade) da FAU, outra solução possível para resolver os problemas de moradia em São Paulo pode vir dos chamados “movimentos de moradia”, que pressionam o governo para criar políticas públicas de produção de habitação e transformação desses parques imobiliários no centro.
As ocupações “foram fundamentais para inverter a lógica de produzir novas unidades habitacionais não mais na periferia e trazem uma agenda de política habitacional que envolve não só construir novas unidades nos terrenos subutilizados em área central, mas também fazer retrofit, remodelar, transformar usos de edifícios de escritórios para edifícios de moradia”, revela a especialista.
Para ambos os professores, não basta que a Prefeitura tenha uma política apenas para o mercado imobiliário. “Tem que ter uma política para o mercado imobiliário e para quem precisa, para os ocupantes dessas áreas, para eles mesmos agitarem ali a transformação da sua vida cotidiana e (exercerem) seu direito à permanência naquele território bem servido de urbano”, finaliza Paula.
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Ficha técnica
Reportagem: Denis Pacheco e Pedro Ezequiel
Edição: Beatriz Juska