O imperador Pedro II ouviu música de Bach em pelo menos três concertos realizados em março, abril e maio de 1886, no salão do Hotel Bragança, em Petrópolis (RJ), a “cidade imperial”, conforme noticiou na época o jornal O Mercantil, daquela cidade. Nessas apresentações, foram executadas a “célebre ária”, como cita o jornal, e uma fuga de Bach, além de obras de outros compositores. A “célebre ária” corresponde ao segundo movimento da Suíte Orquestral Número 3 em Ré Maior (BWV 1068), uma ária para violino que ficou conhecida como Ária da Quarta Corda.
Em 23 de julho de 1870, o jornal Ba-Ta-Clan, um periódico publicado no Rio de Janeiro em francês, se refere a um concerto dado por dois músicos famosos, o violinista espanhol Pablo de Sarasate e o pianista francês Théodore Ritter. Na ocasião, Sarasate tocou o Concerto de Mi Menor, de Felix Mendelsohn, e Ritter executou, de Bach, a composição chamada pelo programa do concerto de Gavotte et Musette, que são dois movimentos da Suíte Inglesa Número 3 em Sol Menor (BWV 808).
Esses são exemplos da exibição de obras de Bach no Brasil na segunda metade do século 19. Nessa época, embora Bach fosse já citado com frequência na imprensa brasileira – que o considerava “gênio gigantesco”, “colosso alemão”, “músico célebre” e “imortal”, como classifica o jornal A Notícia, do Rio de Janeiro, em diferentes edições -, a obra do compositor ainda era pouco executada em solo brasileiro.
Nesta edição – que continua a investigação sobre a introdução de Bach no Brasil, iniciada na edição passada -, Manhã com Bach apresenta a Suíte Inglesa Número 3 em Sol Menor (BWV 808), que contém a gavota e a musette apresentadas no Rio de Janeiro em 1870. O podcast exibe ainda a cantata Ich ruf zu dir, Herr Jesu Christ, “Eu clamo a ti, Senhor Jesus Cristo” (BWV 177).