
No podcast Os Novos Cientistas desta quinta-feira, 1º de agosto, a entrevistada foi a pesquisadora Waleska Vigo Francisco, do Grupo de Estudo Olímpicos da Escola de Educação Física e Esportes (EEFE) da USP, que desenvolveu a pesquisa de doutorado intitulada A norma de gênero olímpica: mulheres legítimas e o tensionamento da bicategorização por atletas trans e intersexo. Sob a orientação da professora Kátia Rubio, da EEFE, Waleska faz um resgate sócio-histórico que objetiva compreender por que alguns corpos foram considerados legítimos para a categoria feminina, enquanto outros não. Ao contrário do que se pode pensar, este desafio está colocado para a gestão olímpica desde a década de 1930.
Como descreveu Waleska, dirigentes do Comitê Olímpico Internacional e das Federações Internacionais, suspeitando que homens estivessem invadindo a categoria feminina, deram início às primeiras discussões sobre quais medidas protetivas deveriam ser tomadas. “Foi a partir disso que teve início a criação de uma política do corpo verdadeiro, somente para a categoria feminina, que pode ser conferida até os dias de hoje”, destacou a pesquisadora. “Um dos pontos de interesse para estudar o tema se dá quando eu vejo que existe uma total indiferença com essas atletas intersexuais e trans”, relatou a pesquisadora no bate-papo com o jornalista Antonio Carlos Quinto.
O estudo, inicialmente um mestrado, ganhou corpo e tornou-se um projeto de doutorado na EEFE. Para tanto, Waleska trabalhou com duas entrevistas, com uma judoca e com uma jogadora de voleibol. “Além das entrevistas, fui trabalhando com documentos que me traziam a história de atletas internacionais, visto que a minha pretensão era estudar a categoria feminina como um todo”, descreveu. Waleska também trabalhou com jornais e documentos de internet, em especial, com os documentos das federações esportivas e do COI, os chamados regulamento de elegibilidade para pessoas trans e intersexo. “A nossa sociedade ainda vê essas pessoas como exóticas e que podem e devem sofrer discriminações que já são usadas nos ambientes esportivos”, lamentou a pesquisadora.
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