
A pandemia do novo coronavírus mostrou os limites da soberania de muitos países. Praticamente todos os insumos de saúde são produzidos atualmente na China, paradoxalmente onde teve início a doença. Respiradores mecânicos, máscaras e equipamentos de terapia intensiva, entre outros itens, mostram que a dependência gerada pela globalização vai precisar ser revista caso as nações queiram reassumir o seu destino.
Em entrevista ao Brasil Latino, no dia 18 de maio, o professor Paulo Feldmann, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, diz que a produção nacional terá muito mais peso do que o atual processo de terceirização ou de importação que tem caracterizado o comércio mundial. A pandemia pode mudar completamente essa relação de dependência.
Para ele, o Brasil tem uma grande chance de sair bem da crise econômica porque possui um grande mercado interno. Restará tomar decisões políticas ousadas, como a taxação sobre as grandes fortunas, e oferecer maior garantia jurídica para os investimentos externos. Outro fator que segundo Feldmann precisará ser superado é a baixa qualificação da mão de obra nacional. Um trabalhador brasileiro produz de quatro a cinco vezes menos que um operário norte-americano ou sul-coreano. Mas, isso, adverte ele, não é culpa do trabalhador e sim das condições tecnológicas nas quais ele opera. “O Brasil dispõe de máquinas ultrapassadas em seu parque industrial, equipamentos que já não são usados há mais de 25 anos nos Estados Unidos e é esse o investimento que precisa ser feito para resgatar a nossa soberania”, afirma.
Brasil Latino
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