
A atual crise de violência urbana no Equador tem origem em dois fatores principais, segundo o jornalista Leonardo Wexell Severo, coordenador da Agência Comunicasul de Comunicação Colaborativa, colaborador da Agência Latino-americana de Informação (ALAI) e entrevistado nesta edição do Brasil Latino.
O primeiro fator é estrutural. Com um processo econômico e social em rápida deterioração a partir de 2017, quando várias políticas de desenvolvimento e transferência de renda foram extintos, os equatorianos encaram a dura luta pela sobrevivência. Desemprego, miséria nas ruas e aumento da violência são sinais evidentes da crise.
O segundo fator é a opção dos cartéis mexicanos em usar o território equatoriano para a exportação das drogas produzidas na Colômbia e no Perú. O “trabalho sujo” é feito de forma terceirizada por meio de gangues formadas nas periferias de Quito e Guayaquil. As forças de segurança catalogaram 19 delas. Como o dólar é a moeda oficial do país, a lavagem de dinheiro é facilitada e o controle das autoridades fica mais difícil. Sem contar a omissão, conivência e até mesmo a participação de agentes públicos corruptos nessa atividade ilegal.
De quarto país mais seguro do continente latino-americano em 2017, atrás apenas da Costa Rica, Uruguai e Cuba, o Equador é hoje um dos mais violentos do mundo. “Este é o retrato do fracasso das políticas econômicas adotadas nos últimos anos, após a descontinuidade dos governos do movimento Revolução Cidadã, liderados pelo ex-presidente Rafael Correa”, afirma Leonardo.
Brasil Latino
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