O Ambiente é o Meio desta semana conversa com a bióloga Alessandra Tomaselli Fidelis, professora da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) em Rio Claro. Alessandra fala sobre as savanas, tema do recente artigo publicado na revista Science.
As savanas podem ser encontradas em diversos lugares no mundo, ocupando “praticamente 20%” do território do planeta, e algo que têm em comum é a complexidade “em relação a sua diversidade, funcionamento”. Outro ponto em comum é o fato de serem muito antigas e estarem sob a “influência muito grande do fogo e da herbivoria, elementos muito importantes para a manutenção e evolução dos ecossistemas savânicos”, explica a bióloga.
De acordo com Alessandra, o cerrado brasileiro, formado por campos, savanas e matas de galeria, é o “segundo maior bioma do País em extensão depois da Amazônia”. Cerca de um quarto do País era coberto por cerrado e, “infelizmente, já perdemos mais da metade desta área natural. É um dos biomas mais ameaçados, principalmente, pelo avanço da fronteira agrícola”, lamenta a professora. As savanas, continua, “mantêm a maior parte do carbono embaixo da terra”, algo que a bióloga considera muito interessante porque “é uma fonte muito importante de armazenamento de carbono”.
Contudo, adverte Alessandra, o plantio indiscriminado de árvores é preocupante pois, ao invés de restaurar, descaracteriza as savanas. Atualmente, existe muito incentivo para a restauração de florestas degradadas, mas, “em grande parte, esses ecossistemas não são florestas degradadas. Eles são campos e savanas primárias, nativas”, algo que torna a restauração das savanas “mais complexa” e não deve ser feita da mesma forma que as florestas.
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