
No podcast Série Energia dessa semana, o professor Fernando de Lima Caneppele, da Faculdade de Zootecnia e Engnharia de Alimentos (FZEA) da USP de Pirassununga, analisa o cenário de alerta que o Brasil enfrenta em 2025, depois que foi divulgado um relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O relatório apontou que 11 estados correm risco de sobrecarga na rede elétrica, podendo resultar em apagões. Entre os fatores que impulsionam essa preocupação, segundo a ONS, destaca-se a crescente geração de energia solar em residências e comércios. O fenômeno, chamado de “fluxo reverso”, ocorre quando o excedente de energia gerada é enviado de volta para a rede elétrica, criando uma sobrecarga inesperada. Esse movimento, embora positivo para a transição energética, apresenta desafios técnicos para a estabilidade do sistema elétrico brasileiro.
O alerta do ONS inclui estados de diferentes regiões do País, como Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco e Rio Grande do Sul. O documento faz parte do Plano de Operação Elétrica de Médio Prazo do Sistema Interligado Nacional (SIN) para o período de 2025 a 2029. De acordo com os dados divulgados, a capacidade de geração distribuída no Brasil já atinge 33 gigawatts (GW) e pode alcançar 50 GW até o final da década. No entanto, sem uma infraestrutura adequada para lidar com esse crescimento, a rede elétrica pode sofrer instabilidades, aumentando o risco de cortes de energia.
O professor analisa como a energia solar tem sido amplamente adotada no Brasil nos últimos anos, impulsionada por incentivos governamentais e pelo interesse de consumidores em reduzir suas contas de luz. No entanto, segundo ele, a integração dessas fontes ao sistema elétrico precisa ser acompanhada por investimentos em redes inteligentes e controle de carga. No Mato Grosso, por exemplo, 94% das subestações de fronteira já apresentam fluxo reverso significativo, o que pode dificultar a operação da rede. Situação semelhante ocorre no Piauí (73%) e em Minas Gerais (43%). Esse aumento da geração descentralizada exige uma mudança na forma como a rede elétrica é gerenciada.
A Série Energia tem apresentação do professor Fernando de Lima Caneppele (FZEA), que produziu este episódio com Murilo Miceno Frigo, discente de doutorado e professor do Instituto Federal do Mato Grosso do Sul (IFMS). A coprodução é de Ferraz Junior e edição da Rádio USP Ribeirão. Você pode sintonizar a Rádio USP Ribeirão Preto em FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS.