Para discutir o papel da ciência e da indústria na busca de soluções para problemas atuais, a Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP), em parceria com o Instituto de Estudos Avançados (IEA) e com a Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp), promoveram, no dia 19 de junho, o Strategic Workshop “Ciência & Indústria – Construindo novos caminhos em tempos desafiadores”.

“O principal foco desse workshop é o relacionamento da USP com a indústria, e isso é parte de algo mais amplo, que é o relacionamento da Universidade com a sociedade. Desde que assumi a Reitoria, trabalhei em dois tópicos centrais: o primeiro é a defesa da autonomia universitária, fundamental para que ela exerça suas funções de maneira plena; e o segundo é aumentar o relacionamento da USP com a sociedade. As universidades brasileiras são notoriamente fechadas em si mesmas, mas, para atender aos interesses reais da sociedade, é preciso aproximar-se dela. Para isso, implantamos iniciativas como, por exemplo, a diversificação da forma de ingresso na Universidade, tornando-a mais democrática; a recente implantação de um Conselho Consultivo, com representantes de todos os setores (empresarial, governamental e da sociedade civil); e aprimoramos nosso relacionamento com as empresas”, considerou o reitor Marco Antonio Zago na abertura do evento.
O pró-reitor de Pesquisa, José Eduardo Krieger, também defendeu que “se relacionar com a sociedade de maneira mais eficiente é especialmente importante no Brasil, porque existe uma grande precariedade na transferência de conhecimento produzido pelas universidades e entidades de pesquisa para as empresas. Precisamos pensar e criar maneiras para os diferentes atores – universidades, instituições de pesquisa e indústria – atuarem de maneira mais cooperativa, com o objetivo de gerar riquezas para o país”.
“A presença de tantos dirigentes, pesquisadores e representantes de várias instituições mostra a importância do tema e como a USP pode contribuir para o pacote de soluções. Espero que os diálogos e mensagens aqui gerados possam atingir os fóruns e contribuir para o país”, observou o diretor do IEA, Paulo Saldiva.

Temas para discussão
“Nós estamos passando pela terceira Revolução Industrial e a indústria está se transformando no mundo inteiro, se tornando mais sustentável. A procura por uma matriz energética renovável é cada vez mais importante e estamos na dianteira desse processo. Mas o Brasil precisa pensar que o futuro passa necessariamente por um financiamento em pesquisa constante, sem o qual não desenvolveremos indústrias sustentáveis e ficaremos dependentes de outros países”, ponderou o presidente da Aciesp, Marcos Silveira Buckeridge, moderador da primeira sessão de discussões, que abordou o tema “Quebrando barreiras conceituais e regulatórias”.
Participaram dessa sessão o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich; a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader; o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTIC, Álvaro Toubes Prata; o diretor-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), Jorge Almeida Guimarães; e o senador Cristovam Buarque.
O coordenador da Agência USP de Inovação, Vanderlei Salvador Bagnato, foi o moderador da sessão “Como estimular a demanda da indústria por ciência”, que contou com a participação do diretor executivo do Instituto Tecnológico Vale, Sandoval Carneiro Jr.; da diretora de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Gianna Sagazio; do líder do Social Data Analytics Group da IBM, Cláudio Pinhanez; do gerente de Relacionamento com a Comunidade de C&T da Petrobras, Eduardo F. G. Santos; e do presidente do Conselho da Opto Eletrônica e professor do IFSC, Jarbas Caiado de Castro Neto.
Após o almoço, o professor Glaucius Oliva (IFSC) comandou a sessão “Interação Ciência & Indústria como fator estratégico de desenvolvimento: o papel das agências de fomento”, que teve como debatedores o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Mário Neto Borges; o diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da Fapesp, Carlos Américo Pacheco; e o titular da Superintendência Regional da Finep em São Paulo, Oswaldo Massambani.
Para encerrar os trabalhos, Guilherme Ary Plonski (FEA) e Tito José Bonagamba (IFSC) moderaram a última sessão do dia, “Rompendo barreiras e traçando perspectivas”, e conduziram a discussão final do workshop.
Os Strategic Workshops foram criados em setembro de 2015 com o objetivo de incentivar a organização da pesquisa na USP em torno de temas estratégicos, fomentando abordagens transdisciplinares e a interação entre pesquisadores de diferentes Unidades de Ensino e Pesquisa.