Um projeto da USP foi um dos dez selecionados para fazer parte do programa The First 1000 Days – Promoting Healthy Brain Networks, promovido pela rede de universidades Leap Health Breakthrough.
O programa investirá US$ 45 milhões em dez grupos de pesquisa internacionais que investigarão o desenvolvimento das habilidades cognitivas nos primeiros 1.000 dias de vida do bebê, e como esse desempenho pode afetar o comportamento e as reações emocionais do indivíduo ao longo da vida.
O projeto da USP, denominado Um Modelo Integrativo para Prever Funções Executivas e Desenvolvimento da Linguagem nos Primeiros 1.000 Dias, propõe acompanhar o desenvolvimento de 500 bebês, do nascimento até os 36 meses de vida. Serão investigados o genoma completo das crianças, o microbioma e as mudanças epigenéticas que ocorrem, a maturação cerebral e o desenvolvimento cognitivo, motor e emocional. As relações familiares, o cuidado materno e os estímulos que recebem também serão caracterizados ao longo do acompanhamento.
“A ideia é monitorar o desenvolvimento dos bebês, buscando identificar modelos matemáticos capazes de predizer boas habilidades de funções executivas e linguagem em seus primeiros anos”, explica o professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina, Guilherme Vanoni Polanczyk, que é o pesquisador principal do projeto.
O pesquisador enfatiza o caráter multidisciplinar e integrativo do estudo, incluindo pesquisadores de várias unidades da USP, do Hospital Israelita Albert Einstein e do Hospital Municipal Vila Santa Catarina.
Segundo Polanczyk, outra vantagem de participar do programa é a possibilidade de colaboração com os demais grupos de pesquisa. “Com essa colaboração, aumentaremos o tamanho da amostra, poderemos validar o modelo encontrado em nossa população em diferentes populações e contaremos com a colaboração de especialistas em diferentes áreas. Assim, os dados gerados pelo nosso projeto assumem um potencial ainda maior de gerar inovações na área”, explica.
O projeto receberá um financiamento de US$ 2 milhões e terá duração de três anos, com a possibilidade de um ano de prorrogação.
Outro programa da rede está com inscrições abertas até o dia 22 de julho. O programa Multi-Channel Psych investirá US$ 50 milhões em pesquisas sobre depressão e possibilidades de tratamento. Para mais informações, consulte a página da Leap Health Breakthrough.
Rede Leap Health Breakthrough
A Leap Health Breakthrough é uma rede que reúne 21 universidades de classe mundial comprometidas com a resolução dos desafios da área de saúde em velocidade recorde. A ideia foi inspirada na pandemia da covid-19, que criou a demanda por soluções rápidas para diversos desafios na área da saúde.
A iniciativa é coordenada pela Wellcome Leap, uma organização sem fins lucrativos, com sede nos Estados Unidos, que financia projetos para acelerar inovações que beneficiem a saúde global. A USP é a única universidade da América Latina a fazer parte da rede.
“Os grandes projetos desafiadores não se limitam a disciplinas específicas e é importante termos a combinação de esforços complementares e, portanto, multidisciplinares. Esse é um modelo integrador que estamos incentivando, envolvendo várias unidades da USP em torno de um projeto abrangente e importante. Certamente nos orgulha e incentiva estarmos alinhados com as maiores instituições de pesquisa do mundo, universidades de classe mundial”, destaca o pró-reitor de Pesquisa da USP, Sylvio Roberto Accioly Canuto.
A rede dispõe de um orçamento inicial de US$ 300 milhões, que serão investidos em chamadas para o financiamento das pesquisas. Somente as 21 universidades associadas poderão submeter seus projetos, mas eles poderão contar com a parceria de pesquisadores de instituições associadas.
Um dos diferenciais da rede é o Acordo de Financiamento de Pesquisa Acadêmica (Marfa, na sigla em inglês), que trata de forma equitativa e desburocratizada todos os termos e condições, incluindo propriedade e publicação, reduzindo o tempo para que os recursos sejam liberados.
Além da USP, fazem parte do grupo a Agência para a Ciência, Tecnologia e Pesquisa; Instituto de Tecnologia da Califórnia; Universidade Carnegie Mellon; Instituto Francis Crick; Escola Harvard John A. Paulson de Engenharia e Ciências Aplicadas; Instituto de Tecnologia de Massachusetts; Universidade Nacional de Singapura; Universidade de Auckland; Universidade da Califórnia, Los Angeles; Universidade da Califórnia em San Diego; Universidade da Cidade do Cabo; Universidade de Dundee; Universidade de Pittsburgh; Universidade do Sul da Califórnia; Universidade de Uppsala; Universidade Vanderbilt; Virginia Tech; Instituto Wellcome Sanger; Centro Wyss de Bio e Neuroengenharia; e Instituto Wyss para Engenharia Bioinspirada da Universidade de Harvard.