Na quarta–feira, 4 de novembro, a Escola Politécnica (Poli) reinaugurou as instalações do Laboratório de Caracterização Tecnológica (LCT), uma facilidade multiusuário que pode ser usada tanto por pesquisadores da academia como de centros de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) privados.
O LCT faz parte do Departamento de Minas e de Petróleo e conta com equipamentos de última geração, essenciais na pesquisa e no controle de processos da indústria da mineração, além da caracterização de materiais.
Na reinauguração, o coordenador do LCT, Henrique Kahn, ressaltou a importância do espaço para a Poli e para a USP – o qual tem cerca de 25 anos e foi reformado pela terceira vez. “Dentro da área de materiais, temos equipamentos e facilidades que atendem à toda a Universidade”.
O chefe do Departamento de Minas e de Petróleo, Luís Enrique Sanchez, aproveitou para agradecer a dedicação de Kahn ao laboratório e às pesquisas desenvolvidas nele. O diretor da Escola Politécnica, José Roberto Castilho Piqueira, por sua vez, disse se orgulhar das pessoas que compõem o Departamento e o Laboratório, “que ajudaram a formar grandes autoridades”.
Equipamentos
O LCT opera no estado da arte em diversas técnicas de caracterização de materiais. A microtomografia de raios X de alta resolução apresenta a capacidade única de gerar imagens tridimensionais, possibilitando a observação da estrutura interna de amostras de materiais polifásicos, em análises não invasivas, com aplicações em estudos de recursos naturais, ciência e engenharia de materiais, ciências biológicas e controle de qualidade (QA/QC).
O laboratório oferece atividades para quatro áreas de graduação da Poli: materiais, metalurgia, minas e petróleo. Além disso, há uma disciplina eletiva do Instituto de Geociências (IGc), que também utiliza o espaço e os seus equipamentos.
“A Poli e a USP estão de parabéns. A USP tem grandes pesquisadores e precisa oferecer boa infraestrutura para que eles possam fazer a melhor pesquisa possível”, destacou o pró–reitor de Pesquisa, José Eduardo Krieger.
O laboratório têm duas salas. Na primeira, há o microtomógrafo Versa XRadia 510, marca Zeiss, adquirido por meio de projeto da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) – investimento da ordem de US$ 1 milhão – de consolidação de core facilities em técnicas de caracterização de materiais, de forma a atender os vários grupos de pesquisa da USP que desenvolvem estudos de materiais para aplicações diversas visando a inovação e a sustentabilidade.
Na microtomografia, após a coleta de um conjunto de imagens, é efetuada a reconstrução tomográfica em 3D da seção transversal irradiada, obtendo-se dados relativos à morfologia e feições texturais, composição quantitativa de fases, distribuição de tamanho de feições/partículas/fases, área interfacial, presença e distribuição de tamanho de poros e suas inter–relações. O LCT conta ainda com microscópios eletrônicos de varredura (MEV) com sistemas de microanálise química por EDS e WDS, microscopia confocal e óptica, entre outros.
Na segunda sala, há os equipamentos de difração de raios X (D8 Endeavor) e de espectrometria de fluorescência de raios X (S8 Tiger), da marca Bruker AXS, são de última geração e custam em torno de US$ 500 mil, tendo sido alocados no laboratório mediante parceria com a empresa Oregon Labware.
Recentemente, incorporou-se a tecnologia de espectrometria de absorção atômica e, até o final do ano, está prevista a chegada de um espectrômetro ICP-OES, também para a realização de análises químicas.
“Em técnicas de caracterização, temos tomografia e MEV’s de última geração que, combinados adequadamente, permitem um grande refinamento no estudo das características de materiais polifásicos”, explica Kahn.
Treinamentos e pesquisas
Com a reforma e ampliação, o LCT pretende voltar a oferecer treinamentos e cursos de capacitação nas técnicas de que dispõe. Também está trabalhando no desenvolvimento de um software próprio para gestão de laboratório (LIMS), como parte das medidas de controle de qualidade que estão sendo ampliadas.
“Vou falar da minha experiência como usuário do laboratório, principalmente na década de 90”, disse o vice–reitor Vahan Agopyan, que é professor de Materiais e Componentes de Construção Civil da Poli. Ele destacou que o LCT foi um dos primeiros laboratórios multiusuários da Poli, “em uma época que não era comum este múltiplo uso e posso dizer que sou um usuário satisfeito e espero que ele continue a ser útil aos colegas”.
Além de ser base para inúmeras pesquisas da Poli, de Unidades da USP e outras universidades, o LCT atua como prestador de serviços para o setor privado, em projetos de pesquisa em cooperação com empresas e atividades de extensão.
O laboratório opera essencialmente com recursos próprios, obtidos das parcerias que estabelece em projetos de pesquisa e serviços analíticos que realiza para empresas e comunidade acadêmica (custos subsidiados).
Além de empresas que atuam no setor mineral, o LCT atende a outros setores produtivos, como metalúrgico, químico e farmacêutico, materiais odontológicos, reciclagem e meio ambiente.
Para utilizar as facilidades do LCT, é preciso acessar o site do Laboratório, onde constam os procedimentos e formulários básicos. Posteriormente, são agendadas reuniões para discutir as demandas, valores e/ou eventuais contrapartidas.
“Eu fiz questão de vir nesta reinauguração para marcar a importância deste laboratório, que é um bom exemplo dentro da Universidade, pois permanece e, ao mesmo tempo, continua se atualizando e fazendo um bom trabalho”, afirmou o reitor Marco Antônio Zago.
(Fotos: Ernani Coimbra)