O projeto Who Cares? Reconstruindo o Cuidado no Pós-Pandemia disponibilizou no YouTube uma playlist com as gravações em vídeo do ciclo de seminários Cartas na Mesa, realizado ao longo de 2023. Sediado no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), o projeto articula uma rede internacional de pesquisadores dedicados a entender como diferentes políticas e regulações dão forma ao trabalho de cuidado no Brasil e em outros países. A iniciativa é coordenada pela professora Nadya Araujo Guimarães, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.
Em 2023, dez seminários da série Cartas na Mesa reuniram especialistas e pesquisadores para discutir o futuro do cuidado no contexto pós-pandêmico. Os seminários contaram com a participação de palestrantes de diferentes universidades e instituições de pesquisa, como Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os encontros, realizados de forma virtual, cobriram temas como envelhecimento, cuidado comunitário e trabalho doméstico, tanto o remunerado quanto o não remunerado.
A professora Nadya e a pesquisadora Lina Penati, doutoranda em sociologia da FFLCH, participaram do encontro virtual que discutiu a dimensão comunitária do cuidado na pandemia. O professor Jorge Félix, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, apresentou um artigo sobre a financeirização do cuidado e o endividamento da pessoa idosa.
É possível encontrar os vídeos no site do projeto ou acessar a playlist diretamente no canal do Cebrap no YouTube. Em 2024, a programação de seminários Cartas na Mesa será retomada a partir de março.
O que é trabalho de cuidado?
O trabalho de cuidado envolve tarefas como cuidar de crianças, idosos e doentes, limpar a casa e cozinhar. São atividades cotidianas essenciais para a reprodução da vida, mas que normalmente são invisibilizadas e pouco valorizadas.
Os pesquisadores do projeto Who Cares? partem de uma reflexão que reconhece que depender de outras pessoas é parte natural da vida humana, mas que cuidar uns dos outros é um grande desafio para as sociedades. Isso porque a organização do cuidado exige administrar riscos e recursos, bem como definir de quem é a responsabilidade pelo cuidado – se do indivíduo ou da sociedade.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) correspondentes a 2022 mostram, por exemplo, que os cuidados com a casa e com outras pessoas afastam um grande número de jovens mulheres negras dos estudos e do mercado de trabalho. Segundo reportagem da Gênero e Número, as mulheres negras são quase metade dos 2,4 milhões de jovens brasileiros de 15 a 29 anos que não trabalham nem estudam.
Entre elas, 77% declarou como principal motivo para não buscar emprego ou educação formal a necessidade de cuidar de pessoas ou afazeres domésticos. Em contraste, apenas 1% dos homens brancos declarou o mesmo motivo.
*Com informações do portal do Cebrap