
O coletivo negro da Faculdade de Medicina (FM) da USP, Núcleo Ayé, irá realizar a sexta edição do evento Semana Preta. As atividades acontecerão entre os dias 14 e 19 de outubro, com exceção da sexta-feira (18), nas próprias instalações da FM, ao lado da Estação Clínicas do metrô, na Zona Oeste de São Paulo.
A participação no evento é gratuita e aberta a toda a comunidade e os ingressos devem ser retirados pela plataforma do Sympla. Na página, o grupo explica que, apesar da gratuidade, existe a opção do ingresso pago no valor de R$ 15,00 para aqueles que tiverem interesse em contribuir financeiramente com o coletivo. O evento também será transmitido ao vivo no canal do grupo no Youtube, com tradução simultânea em Libras.
A temática escolhida para pautar a jornada de eventos deste ano foi Ubuntu: A aldeia de cuidado para saúde da infância e juventude negra. A nova edição da Semana Preta irá focar em debates sobre a saúde infantojuvenil da população negra. O objetivo principal é abordar os desafios existentes na promoção do cuidado e saúde de crianças e jovens negros com profissionais de saúde que atuam com esses grupos, além de potencializar e promover iniciativas que atuem diretamente com essas pessoas.
A programação, os temas de cada dia de evento e alguns dos convidados que estarão presentes já foram divulgados pelas redes sociais do coletivo. Os primeiros quatro dias de evento serão preenchidos por discussões e palestras nas salas da faculdade. No último dia (sábado) haverá um festival musical.
Dia 14/10 (segunda-feira): O que é saúde? Cuidados e desafios na saúde neonatal
- Participantes:
- Adriana Rosa, enfermeira formada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e integrante do NegreX, coletivo de médicos negros.
- Nilo Obstetrícia, dupla das obstetrizes Marina Goulart e Rafaella Vieira, formada com objetivo de trazer informações sobre gestação com foco na saúde de mulheres negras.
- Horário: 19h às 21 horas
- Local: Sala 4104
Dia 15/10 (terça-feira): 1ª Infância: Cuidando dos nossos erês
- Participantes:
- Antonia Joyce Venancio, presidente do Instituto Preta Pretinha e autora do livro As Aventuras da Preta Pretinha cuidando do Planeta Terra.
- Joyce Pinheiro Ferminiano, fonoaudióloga pelo Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da (Fofito) da USP e apoiadora em saúde mental no Sistema Único de Saúde (SUS).
- Patrícia Rodrigues Rocha, terapeuta ocupacional com atuação em campos de educação inclusiva e saúde mental no SUS.
- Horário: 19h às 21 horas
- Local: Sala 4303
Dia 16/10 (quarta-feira): 2ª Infância: Ibejis e a infância negra
- Participantes:
- Tainá Salomão, educadora ambiental no Prato Verde Sustentável e estudiosa do conceito de nutricídio, além de artista e compositora.
- Dani Ursogrande, terapeuta ocupacional pelo Fofito e coordenadora do núcleo Djet nas Base: Práticas Ancoradas no Antirracismo, que faz parte do grupo de pesquisa Produção de Subjetividades, Arte, Corpo e Terapia Ocupacional (PACTO) da FM.
- Horário: 19h às 21 horas
- Local: Sala 4104
Dia 17/10 (quinta-feira): Adolescência e Juventude Negra: Sobrevivendo no inferno
- Participantes:
- Flor de Alice, nome artístico de Alice Fernandes, dançarina e terapeuta ocupacional estudiosa das juventudes e danças negras.
- Eduardo Araújo, psicólogo, mestre e doutorando em Saúde Coletiva pela FM, que atua com pesquisas no campo da prevenção do HIV.
- Markão II, nome artístico do rapper e produtor Marco Antônio da Silva, cofundador do Projeto Rappers da organização Geledés – Instituto da Mulher Negra.
- Horário: 19h às 21 horas
- Local: Sala 4303
Dia 30/11 (sábado): Festival É Som de Preto (*Devido intercorrências o festival, que aconteceria no dia 19 de outubro, foi remarcado para o dia 30 de novembro)
- O festival contará com a apresentação de jovens artistas negros de diversos estilos musicais.
- Horário: 14h às 19 horas
- Ingressos gratuitos
- Local: Faculdade de Medicina da USP
Núcleo Ayé
O Nucleo Ayé é o primeiro coletivo negro da Faculdade de Medicina da USP. O grupo foi criado em 2017, com o objetivo de acolher os primeiros estudantes cotistas pretos, pardos e indígenas da FM. Desde sua criação, o coletivo cresceu, tornando-se o representante da força do povo preto, lutando pela manutenção da permanência estudantil na faculdade. Com sua primeira edição em 2019, a Semana Preta é a primeira iniciativa da história da FM a focar em temáticas da negritude.
Em 2021, para acompanhar o próprio crescimento, o Núcleo Ayé tornou-se uma associação sem fins lucrativos. Assim, o coletivo pode contar com a arrecadação de doações para financiar sua manutenção e expansão. As doações contribuem para que o coletivo possa custear ações voltadas ao público negro na Universidade, como eventos, atendimentos psicológicos e auxilio financeiro.
Além dos eventos e ações afirmativas, o coletivo mantém um formulário aberto para denunciar situações de racismo vivenciadas na Faculdade de Medicina e suas demais unidades (Hospital das Clínicas, Hospital Universitário da USP e o Centro de Saúde Escola Samuel Barnsley Pessoa). O objetivo do formulário é colher relatos de casos de racismo para reivindicar medidas cabiveis à diretoria da FM, além de exigir que docentes, preceptores, funcionários e estudantes passem por formação em educação antirracista permanente.