Estudantes resgatam cultura ballroom em desfile musical na Casa de Cultura do Butantã

Marcas de moda sustentável se unem a alunos do curso de Turismo e Relações Públicas da USP no evento Fluxus, com mostra de arte e performances que celebraram a diversidade

 Publicado: 02/07/2024

Texto: Tabita Said

Arte: Beatriz Haddad*

Desfile Seven Paduan – Foto: Luana Six

Atividades pautadas na diversidade, pertencimento, cultura, arte e racialidade compuseram o Fluxus – Encontro Marginal, evento organizado por estudantes dos cursos de Turismo e Relações Públicas da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. O encontro teve lugar na Casa de Cultura do Butantã, bairro da zona oeste de São Paulo, no último dia 29 de junho (sábado) e os presentes puderam presenciar um desfile performático, além de uma mostra de arte urbana e uma apresentação de Slam, todos abertos ao público. 

De acordo com a organização, cerca de 200 pessoas passaram pelo evento, que teve como objetivo construir um espaço de aprendizado, troca e reconhecimento mútuo. “Sua manifestação é comparável ao fluxo de um rio: as águas que fluem abrem caminhos que abraçam a música, a dança, as artes visuais e o teatro. Na confluência final, Fluxus se torna uma fonte de pertencimento e diversidade”, informou o grupo na divulgação.

Um desfile de moda periférica se dividiu em dois atos: Expressões Abya Ayala, com modelos indígenas e artistas vestindo as peças da nova coleção da Cobra Coral; e Corporeidades Ballroom, com criações da Seven Padduan, que apresentaram modelos de Vogue Femme, Runway e Fashion Killa, categorias que fazem referência aos bailes ballroom.

“A cultura ballroom é uma expressão cultural que vem dos guetos, da periferia dos Estados Unidos. São movimentos artísticos que misturam dança e rap. No Brasil, já existe esse tipo de performance em que as pessoas juntam moda, cultura, dança e outras expressões artísticas”, explica Luiz Alberto de Farias, professor da ECA que ministra a disciplina Eventos, Cerimonial e Protocolo há mais de 20 anos. “É sempre resultado de uma grande assembleia entre alunos, em que eles buscam um tema que represente aquele sentimento comum. Eles veem toda a parte de captação de recursos, estruturação logística, contatos com convidados, gestão financeira, cobertura de comunicação, todas as etapas de maneira a chegar à realização de um evento”, afirma.

Luiz Alberto de Farias - Foto: Linkedin
Luiz Alberto de Farias - Foto: Linkedin
Guss Teles - Foto: Linkedin
Guss Teles - Foto: Linkedin

O professor conta que a mesma disciplina organizou, no ano passado, um evento para doação de sangue e adoção de pets. Este ano, a turma da manhã de Turismo promoveu uma roda de conversa sobre sexo seguro, com testagem para o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Já o Fluxus envolveu a turma da noite do curso de Turismo, Relações Públicas e estudantes de outros institutos que cursaram a disciplina como optativa.

Fluxus foi sobre a exposição da excelência artística produzida por corpos historicamente excluídos. Marca, na história da USP, o presente e futuro que desejamos para as nossas universidades”, comemora Gustavo Teles, o Guss, estudante de Relações Públicas da USP e articulador cultural. Guss dirigiu a produção e atuou como representante de curadoria do evento.

Uspixo + Slam Marginal

A mostra de arte do Fluxus serviu de vitrine para os talentos emergentes de estudantes da USP, para além da sua mobilização na organização do evento. A exposição artística reuniu quadros, ilustrações, grafites e poemas, todas produções de estudantes de diversas graduações, oferecendo uma imersão no universo da diversidade cultural. A mostra destacou como os artistas expressam suas identidades e formas de pertencimento.

“A proposta era fazer uma mostra cultural convidando os próprios alunos da USP a exporem suas artes, foi bem interessante. E o desfile trouxe a cultura periférica, marginalizada, indígena. A turma foi atrás de tudo, incluindo patrocínio da Red Bull e da Kibon, e apoio de vereadores da [mandata] Quilombo Periférico”, conta Mônica Quiquinato, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da USP, que realiza estágio docente na ECA. Mônica acompanhou a movimentação dos estudantes até a realização do Fluxus, que, segundo ela, contou com uma divulgação bastante voltada para os moradores da região. “Orientamos sobre como falar com a imprensa, como fazer um release, demos aula de cerimonial. Foi a primeira vez que tive essa experiência de estágio docente, foi uma troca bacana”, diz.

Mônica Quiquinato - Foto: Linkedin
Mônica Quiquinato - Foto: Linkedin
Ana Beatriz Dantas de Sousa - Foto: Linkedin
Ana Beatriz Dantas de Sousa - Foto: Linkedin

A estudante de Relações Públicas Ana Beatriz Dantas de Sousa destaca o desafio de criar a identidade do Fluxus, a partir de 40 opiniões tão diferentes: “Um processo enriquecedor, poder entender diferentes perspectivas e aprender sobre tudo o que o evento representa, e como transmitir isso para o público. Foi sensacional ver o que trabalhamos tanto se tornando real e ter a missão de conseguir registrar tudo que fosse possível para um aftermovie. Meus colegas da comunicação foram excepcionais”, lembra a estudante que atuou no evento como diretora de comunicação.

Ana Beatriz explica que o trabalho não acabou. O grupo ainda vai manter a comunicação via redes sociais, com registros feitos em vídeos, fotos e entrevistas, tanto do público, quanto das marcas apoiadoras. “Acredito que o evento tenha conseguido atingir seu propósito de representação, identidade e cultura”, afirma Ana.

“Me senti representado em cada poesia, em cada passo, em cada pixo, em cada quadro, em cada corpo! Desejo que esse encontro dos marginais se torne um convite para que mais dos nossos estudantes negros, indígenas e trans construam, acessem e mudem os espaços que os negaram”, completa Guss.

Mais informações: fluxususp@gmail.com | @ofluxus

*Estagiária sob supervisão de Moisés Dorado


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