“A poesia marginal é um dos instrumentos cruciais para a transformação social e a afirmação da identidade periférica. Cada verso é um tijolo na construção de um futuro onde a diversidade é valorizada e a voz de cada comunidade é ouvida.” Esta frase acompanha o vídeo que anuncia o lançamento do livro Manifesto Marginal!, primeira publicação do coletivo Slam Marginal da USP.
Formado por Amanda Medina, Ed Júnior, Gus Teles, Mamba Negro e Rick Souzine, estudantes universitários e artistas independentes, o coletivo tem o objetivo de tornar a universidade um ambiente diverso e inclusivo para os “novos corpos” que começaram a estar cada vez mais presentes desde a adoção das políticas afirmativas.
O lançamento acontece no dia 1º de setembro, às 13h30, no Instituto Moreira Salles (IMS), da Avenida Paulista, em São Paulo. O evento faz parte da programação da 14ª edição do Encontro Estéticas das Periferias, realizado pela Ação Educativa. O evento mobiliza inúmeros espaços da cidade e, neste ano, aborda culturas nordestinas e indígenas nas periferias de São Paulo.
“A poesia tem me acompanhado antes mesmo que eu conhecesse o slam (essa batalha de poesia falada). Acredito que todo mundo sempre tem um pouco a dizer, mas corpos como os nossos precisam não só falar, mas estimular para que os outros nos ouçam também. É uma tarefa difícil transformar dor em poesia, mas isso tem feito a gente chegar em lugares que nunca sonharíamos estar em outros momentos; a publicação desse livro é resultado disso”, afirma Amanda Medina, estudante da Faculdade de Direito da USP e integrante da Coligação dos Coletivos Negros da USP e do Slam Marginal da USP.
A publicação do livro Manifesto Marginal! foi ensejada pela premiação do Slam Marginal da USP na edição de 2023 do Torneio de Slam do Encontro Estéticas das Periferias. O encontro é realizado anualmente desde 2011, e traz um panorama atualizado da produção cultural da periferia de São Paulo, colocando em relevo a criação artística e suas proposições e interações estéticas. O evento conta com a curadoria coletiva com mais de 40 coletivos culturais, de todas as regiões periféricas da cidade.
A programação completa da 14ª edição do Encontro Estéticas das Periferias está disponível no site do evento.
Periferia no centro
“Enquanto a periferia não estiver dentro das universidades, o que faremos?”, pergunta um dos integrantes do Slam Marginal da USP. “Cultura marginal”, responde o grupo de estudantes em uma das reuniões do coletivo. Além das edições itinerantes de batalhas de poesia realizadas em diferentes faculdades da USP, o Slam Marginal participa de ocupações e promove projetos envolvendo cultura hip-hop e ball culture em diversas universidades, escolas e eventos.
O slam do grupo nasceu da vontade de derrubar os muros que dividem a comunidade acadêmica do restante da população, criando um espaço de expressão alternativa e tornando a universidade um ambiente diverso e inclusivo.
O Slam Marginal da USP também se propõe a questionar a lógica centrada nos padrões de branquitude, de cisgeneridade e da heteronormatividade, que tenta limitar e domesticar a produção artística e acadêmica de corpos negros, pobres, trans e periféricos. Corpos de pessoas que “estão em um lugar de expressão máxima da sua intelectualidade”, destaca Ed Percy, co-fundador do Slam Marginal da USP.
Entre as possibilidades de expressão, a poesia se destaca como elemento de valorização da diversidade e das comunidades, ecoando nos versos dos slammers:
“Afeto, te afeto!
Você gerou em mim um feto, que nunca quis dar a luz”
(Gus Teles)“Cê não tem escrita ancestral
sua branquitude se baseia em roubo de corpos, posses e histórias,
o seu fenótipo europeu não tá marcado nas raízes da história”
(Souzine)
Serviço
Lançamento do livro Manifesto Marginal!, do Slam Marginal da USP
Data: 1º de setembro, domingo, das 13h30 às 15 horas
Local: Térreo | IMS Paulista
Endereço: Avenida Paulista, 2424 – São Paulo
Capacidade: 150 lugares em pé + 30 lugares sentados (público preferencial)
Entrada gratuita
*Com informações do IMS e da MoVi Editora