Coletiva feminista disponibiliza absorventes em banheiros da USP Leste

Com o lema “Pegue quando precisar, deixe quando puder”, projeto da coletiva Maria Sem Vergonha busca lidar com a pobreza menstrual na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP

 31/08/2022 - Publicado há 2 anos
Com apoio da diretoria da EACH, Coletiva Maria Sem Vergonha distribui absorventes em banheiros da USP Leste – Foto: reprodução / EACH USP

 

Por iniciativa da Coletiva Feminista Maria Sem Vergonha, nove banheiros da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP agora contam com caixinhas de material acrílico abastecidas com absorventes. O projeto visa a “lidar com a pobreza menstrual na EACH” e contou com o apoio da diretoria da escola.

A ideia é oferecer gratuitamente este item importante a todos que tiverem a necessidade de utilizar enquanto estiverem nas dependências do campus. “Pegue quando precisar, deixe quando puder” é o lema do projeto para que as caixinhas dispostas nos banheiros estejam sempre abastecidas com os absorventes. Dos nove banheiros com os absorventes, três são masculinos. A iniciativa visa a incluir o público transgênero que frequenta a escola.

Mariana Souza Lima, estudante de Obstetrícia da EACH – Foto: Arquivo pessoal

“Os banheiros masculinos não poderiam ser deixados de lado, uma vez que reconhecemos na Universidade a presença de pessoas trans, mais especificamente homens trans com útero; ou seja, que menstruam. Portanto, a inclusão dos banheiros masculinos era algo inerente ao projeto como um todo, em respeito à diversidade de gênero”, conta Mariana Souza Lima, estudante do curso de Obstetrícia e integrante da coletiva.

A diretoria da EACH disponibilizou as caixinhas e a impressão de identificação do projeto, que já está ativo nos banheiros da biblioteca, no andar térreo do ciclo básico, no 1º e 2º andares do prédio dos laboratórios e no ginásio poliesportivo.

“Entendemos que ainda precisa haver muita conversa e informação para que a população cis masculina da escola se conscientize e se posicione como aliada ou simplesmente respeite nossos movimentos”, afirma Mariana em nome da coletiva. Ela conta que, em menos de uma semana de instalação, algumas caixas nos banheiros masculinos haviam sumido.

 

Maria Sem Vergonha

+ Mais

Série animada quer combater a desinformação sobre menstruação entre alunos do ensino básico

Jumbo universitário leva itens de higiene a mulheres encarceradas

Reunindo estudantes dos cursos da USP no campus Leste, a coletiva Maria Sem Vergonha tem presença ativa nas redes sociais, mas também no acolhimento estudantil. Além do Facebook e Instagram, a coletiva mantém um blog para divulgação de casos de abusos envolvendo pessoas da EACH ou mesmo na própria escola. “É uma ferramenta de autodefesa feminista”, afirma a organização.

Estudantes também podem procurar pela coletiva para deixar um relato, encontrar apoio ou mesmo realizar uma denúncia de abusos ou agressões. A denúncia é recebida pela coletiva por meio de um formulário do Google, que pode ser respondido anonimamente ou não.  

No blog, a coletiva Maria sem Vergonha indica uma série de iniciativas de atendimento a mulheres em situação de violência e também uma biblioteca reunindo artigos, textos traduzidos e materiais de movimentos autônomos e feministas sobre agressão machista.

“É um projeto antigo, que começou a ser retomado em 2020 e ganhou mais força este ano por consequência das aulas presenciais. Ainda no formato EAD, juntamos esforços para fazer grupos de discussão e leitura feminista, eventos, realizar acolhimento e alimentar nossa rede social”, conta Mariana. “Sabíamos que não seria fácil manter esse projeto, mas a instalação das caixinhas com absorventes no encheu de orgulho e nos dá fôlego para lutarmos pelos nossos direitos, para melhorar a nossa qualidade de vida dentro da Universidade”, completa.

Saiba mais:
https://www.instagram.com/coletiva_msv
https://www.facebook.com/ColetivaMariaSemVergonhaEACH
https://oneurl.ee/coletiva_msv


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.