
O Memorial da América Latina inaugura a exposição Latinoamerica_negra_contemporânea, do artista visual Wilton Garcia. A curadoria é de Luciano Maluly, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, escola onde Garcia também se formou doutor em Ciências da Comunicação. A mostra reúne trabalhos criativos que focam a afrolatinidade a partir do reúso de materiais como madeira, tecidos e papéis. A exposição está em cartaz até o dia 4 de fevereiro de 2023, com visitação de terça a domingo, das 10 às 17 horas e entrada franca.
Autor dos livros Carnaúba de Pedra (2021) e Pra quem gosta, um beijo (2020), Wilton Garcia é artista visual e professor da Fatec Itaquaquecetuba, em São Paulo. Garcia contou sobre o processo de composição dos desenhos, pinturas e colagens presentes na exposição. “São obras de arte contemporâneas e a perspectiva principal é da ordem da imagem. Eu costumo dizer que eu trabalho com experimentações poéticas, para que possamos debater e organizar um pensamento de uma arte política, em que esses traços identitários de uma Latino-América negra contemporânea possam ser tangenciados com essas obras”, diz.

O artista convida o público não apenas para visitar uma exposição, mas, segundo ele, para que possa usufruir de uma experiência estética, que inova ao debater sobre afrolatinidade relacionando-a a conceitos como consumo, sustentabilidade e meio ambiente. A ideia é alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. De acordo com o Memorial da América Latina, o piso da sala de exposição é o ponto central da instalação, onde foi disposta uma grande lona velha de caminhão. “Com essa dimensão técnica, a gente associa ao conceito de afrolatinidade, pensando alguns elementos da diversidade cultural na América Latina. Por exemplo, a própria condição híbrida de nossa mestiçagem, quando temos o encontro de diferentes culturas afrodescendentes e também indígenas”, explica o artista ao Jornal da USP. Para ele, é nessa associação que se poderá compreender o sujeito, a persona latino-americana.
Na entrada da sala de exposição, um sino, um conga e um painel suspenso feito de napa reutilizada exibem uma grande árvore com tonalidades de cores reprogramadas no encontro de natureza e cultura. A diversidade latino-americana é representada no mural sustentável, pintado direto na parede. Sendo assim, a América Latina é única, mestiça e contemporânea com trabalhos feitos com o reúso de materiais descartáveis.
Das heranças ancestrais, vertentes afrolatinas abertas trazem a imagem cabocla, caipira e caiçara. Como referência do (re)aproveitamento de materiais, essa experimentação estética-poética tem influências conceituais de artesania, arte povera, arte naif, art pop e bricolagem. Da tradição à inovação (e vice-versa), a transversalidade de linguagens, aqui, aponta para uma noção de arte contemporânea em sintonia com o ecossistema de valores humanos, além da emergência do meio ambiente.
A Comissão de Cultura e Extensão da ECA apoia a exposição, que também contará com um outdoor a ser inaugurado no dia 19 de dezembro na Cidade Universitária, ao lado do Departamento de Jornalismo e Editoração, ficando exposto até o encerramento do evento.
Exposição Latinoamerica_negra_contemporânea
Memorial da América Latina | Espaço Gabo
Avenida Mário de Andrade, 664 – Barra Funda
Visitação: de 20 de novembro de 2022 a 4 de fevereiro de 2023
De terça a domingo, das 10 às 17 horas
Entrada gratuita e classificação livre
Com informações do Memorial da América Latina