Os 160 anos de nascimento do compositor cearense Alberto Nepomuceno (1864-1920) são o destaque do programa USP Especiais, da Rádio USP, que vai ao ar no dia 2 de julho, terça-feira, às 21 horas, com reapresentação no dia 6 de julho, sábado, às 20 horas. O programa vai exibir dez músicas de Nepomuceno, além de dar informações sobre a vida do compositor, que nasceu em Fortaleza em 6 de julho de 1864, foi amigo de personalidades como o escritor Machado de Assis e o poeta Olavo Bilac, estudou na Europa – onde conviveu com compositores como Johannes Brahms, Edvard Grieg, Claude Debussy e Camille Saint-Saëns -, tornou-se diretor do Instituto Nacional de Música, no Rio de Janeiro, e foi incentivador de um então jovem compositor carioca, Heitor Villa-Lobos.
Como será mostrado no programa, as 176 obras preservadas de Nepomuceno podem ser classificadas em cinco gêneros musicais – óperas, música orquestral, música de câmara, música para vozes e música sacra. Exemplos de cada um desses gêneros serão ouvidos em USP Especiais, como a Serenata para Cordas, para orquestra, talvez a obra mais conhecida do compositor cearense, criada em 1902, em Petrópolis (RJ), para comemorar o aniversário de Olavo Bilac. Depois dela, será ouvida Batuque, peça também para orquestra que constitui uma das primeiras composições da música brasileira inspiradas na cultura afrobrasileira. Nela, pela primeira vez um reco-reco é introduzido numa orquestra, o que causou escândalo entre os críticos musicais da época.
Outro motivo de críticas desferidas contra Nepomuceno foi a utilização do português no canto erudito. No Rio de Janeiro do final do século 19 e começo do 20, a crítica musical só admitia o italiano e o alemão como idiomas adequados para essa arte. No embate com seus adversários, o compositor cearense se firmou como o principal defensor do nacionalismo na música erudita. Foi nessa época que ele pronunciou sua frase mais famosa: “Não tem pátria um povo que não canta na sua língua”. Três das canções de Nepomuceno que despertaram a ira dos críticos serão exibidas em USP Especiais: Coração Triste – que tem letra de Machado de Assis -, Tu És o Sol e Turquesa.
Das 50 peças legadas por Nepomuceno para música de câmara, a maioria delas é dedicada ao piano. No programa, a produção pianística do compositor será exemplificada com a apresentação de três obras: Prece, Devaneio e Improviso. Já na área da música dramática, Nepomuceno compôs sete óperas, intituladas Porangaba, Electra, Ártemis, Abul, O Garatuja, A Cigarra e A Pastoral. USP Especiais vai exibir a abertura de O Garatuja, único movimento dessa ópera inacabada e inspirada no romance homônimo de José de Alencar. Composta em 1904, essa abertura se baseia em ritmos do lundu, uma dança de origem africana popular entre os negros do Rio de Janeiro no século 19. A última peça de Nepomuceno a ser apresentada em USP Especiais será Ave Maria para Coro Feminino, um exemplo da profunda e sensível arte do compositor cearense na área da música sacra.
O programa USP Especiais, da Rádio USP, sobre os 160 anos de Alberto Nepomuceno será apresentado no dia 2 de julho, terça-feira, às 21 horas, com reapresentação do dia 6 de julho, sábado, às 20 horas. A Rádio USP (93,7 MHz, em São Paulo, e 107,9 MHz, em Ribeirão Preto) pode ser ouvida também pela internet, através do site do Jornal da USP.
