Programa da Rádio USP discute implicações reais da inteligência artificial
“Além do Algoritmo” expõe dilemas, desafios e possibilidades do desenvolvimento da IA na sociedade de forma acessível e educativa
Além do Algoritmo: Conversas sobre Inteligência Artificial com Glauco Arbix terá apresentação do jornalista Marcello Rollemberg – Imagem: Montagem de Jornal da USP com ícones de Reprodução/Flaticon
Por meio de conversas francas, Além do Algoritmo: Conversas sobre Inteligência Artificial com Glauco Arbix aborda os vários aspectos que formam a inteligência artificial (IA). No programa, com mediação e apresentação do editor de Cultura do Jornal da USP, Marcello Rollemberg, o professor do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) Glauco Arbix – coordenador da área de Humanidades do Centro de Inteligência Artificial (C4AI) e pesquisador do Observatório de Inovação no Instituto de Estudos Avançados (IEA-USP) – traz à tona os dilemas contemporâneos relacionados à crescente presença da IA na sociedade. O episódio introdutório estreia na Rádio USP (93,7 MHz) às 12h desta sexta-feira, dia 7, e será reprisado no domingo (9), às 11h30.
O programa mensal revelará os impactos da IA em diferentes setores, como na saúde, agricultura, indústria e prestação de serviços. O objetivo é aproveitar o debate sobre os modelos generativos e trabalhar todas as dimensões do seu potencial com uma linguagem de fácil compreensão, porém informativa. “Vamos discutir como a IA pode facilitar a produtividade, a eficácia e a precisão, tanto em pesquisas quanto em atividades do mundo real, da economia e da sociedade”, afirma Arbix. “Mas sempre alertando quanto aos temas ligados à ética, à privacidade, ao emprego e à regulamentação.”
A abordagem multidisciplinar integra as diferentes áreas do conhecimento impactadas pelo desenvolvimento de IA. “Hoje, é praticamente impossível inovar na tecnologia sem inteligência artificial, em qualquer área, da física, química e biologia à sociologia ou antropologia. Todas essas disciplinas tentam absorver os impactos da inteligência artificial e sobreviver a eles”, explica. Eventuais convidados — pesquisadores da USP e de outras instituições do Brasil e do exterior — somarão ao debate com suas próprias perspectivas.
Uma das referências para o programa foi o dossiê Inteligência Artificial na Pesquisa Científica, publicado no número 141 da Revista USP, disponível on-line. A edição foi organizada por Arbix e reúne 11 artigos sobre diferentes temáticas relacionadas à IA, com pesquisadores de renome em diversas áreas, como direito, agricultura, clima e saúde.
Os avanços da IA chamaram a atenção do mundo em novembro de 2022, com o lançamento do modelo de linguagem Chat GPT ao público. Mas Arbix aponta que convivemos com os algoritmos há muito tempo; algumas das mudanças são tão rápidas que passam despercebidas. Sugestões de produtos para comprar na internet, o controle de gestão de fábricas, sistemas financeiros e bancos, e mídias digitais como Facebook, Instagram e YouTube dependem da IA para seu funcionamento. “Temos que estar atentos às alterações para não nos descuidarmos e nos encontrarmos em uma situação de inércia”, adverte o sociólogo. “O debate com pesquisadores, usuários e produtores de inteligência artificial é mais do que fundamental para aproveitarmos o que há de bom e evitar os malefícios que possa gerar.”
A manipulação de modelos generativos – antes reservada a programadores ou versados em tecnologia – torna-se cada vez mais acessível ao público geral. “A disseminação é algo positivo, mas, por outro lado, torna acessível uma tecnologia que pode levar a malfeitos, como discurso de ódio e pedofilia e até a construção de armamentos ou bombas. Temos que tomar cuidado. Nem tudo que pode ser feito deve ser feito”, afirma Arbix.
Arbix considera a IA a tecnologia mais poderosa que a humanidade já criou. Ela tem o potencial de movimentar a economia, descobrir novos medicamentos, prever o clima e muitas outras proezas. Mas sua rápida evolução dificulta o trabalho de regulamentar e traçar limites. “Debatendo essas tendências, o programa vai alertar sobre os problemas e chamar a geração jovem a aderir à pesquisa de maneira responsável, cautelosa e transparente”, relata. “Os jovens pesquisadores estudam um momento singular da história da humanidade. É fundamental que a Universidade estabeleça um diálogo muito franco.”
* Estagiária sob supervisão de Marcello Rollemberg e Roberto C. G. Castro
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