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“No universo da cultura, o centro está em toda parte”

Essa frase está gravada na base circular da Torre do Relógio, monumento projetado pelo arquiteto paulistano Rino Levi e inaugurado em 1973 na Cidade Universitária, em São Paulo. Proferida pelo professor Miguel Reale – reitor da USP entre 1949 e 1950 e entre 1969 e 1963 –, a citação também é o título da temporada de 2023 da Orquestra Sinfônica da USP (Osusp), que será aberta neste sábado, dia 18 de março, às 16 horas, no Anfiteatro Camargo Guarnieri, na Cidade Universitária, em São Paulo. A temporada vai lembrar os 50 anos da Torre do Relógio.

“Nesse concerto do dia 18, nós executaremos uma obra que constitui um momento muito importante da história da música, que é a Sinfonia nº5, em Dó menor, Op.67, de Ludwig van Beethoven, na qual a questão do tempo está implícita”, explica o professor Gil Jardim, maestro e diretor da Osusp, a respeito da composição que abrirá o concerto. “Muitos maestros fizeram essa sinfonia de forma mais rápida, mais lenta, mas Beethoven determinou os metrônomos, os tempos em que essa música fosse tocada.”

Darão sequência à apresentação duas canções do italiano Enio Morricone, Gabriel’s Oboe, da trilha sonora do filme A Missão (1986), e Cinema Paradiso, com arranjos de Enrico Blatti e M. Tan, respectivamente. Em seguida, com arranjos de Gil Jardim, as brasileiras Beija Flor, de César Camargo Mariano, e Vera Cruz, de Milton Nascimento, tomam espaço. Para finalizar o concerto, o gaitista italiano Gianluca Littera, a quem Gil Jardim descreve como “um dos maiores virtuosos do instrumento no mundo”, apresenta Oblivion & Libertango, de Astor Piazzolla.

O maestro ressalta que a temática do tempo, trazida de forma implícita através do monumento, será retratada nos espetáculos a partir do ponto de vista da música. Pensando nisso, os concertos seguintes são intitulados Tempo! A Diversidade nas Lentes da Música de Câmara (dias 24 de março e 20 de abril, às 12 horas) e Esculpir o Tempo (dias 1º e 15 de abril, às 16 horas).

As apresentações têm como inspiração os 12 desenhos em baixo e alto-relevo dispostos na Torre do Relógio, criados pela artista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP Elisabeth Nobiling (1902-1975). Os 12 painéis se dividem entre as duas placas de concreto da Torre, representando o Mundo da Fantasia e o Mundo da Realidade. Numa face do monumento, o Mundo da Fantasia representa a poesia, as ciências sociais, as ciências econômicas, a música, a dança e o teatro, as artes plásticas, a Arquitetura e a filosofia. Na outra face, o Mundo da Realidade inclui astronomia, a química, as ciências biológicas, a física, as ciências geológicas e a matemática.

Gil Jardim conta que escolheu homenagear a Torre do Relógio ao buscar por um ícone da Cidade Universitária que inspirasse parte da temporada dos concertos da Osusp. “Este concerto, além de ser a abertura, também vai celebrar o começo do ano letivo. Abre a temporada para todos os alunos que estão ingressando na Universidade”, comemora. O concerto integra a Semana de Recepção aos Calouros da USP, que recebe os novos estudantes com atividades entre os dias 13 e 17 de março.