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Depois de participar de mais de 30 peças de teatro, 12 filmes no cinema e cinco novelas na televisão, Maria Alice Vergueiro agora protagoniza o documentário Górgona, que retrata sua vida como atriz e portadora do mal de Parkinson, ao mesmo tempo em que reflete sobre a proximidade da morte.
Com uma longa carreira artística – que começou em 1962, quando participou de A Mandrágora, sob direção de Augusto Boal -, Maria Alice atuou também como professora de teatro na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e na Escola de Aplicação da Faculdade de Educação, também da USP. No teatro, participou de peças históricas, como O Rei da Vela, de Oswald de Andrade, sob direção de José Celso Martinez Corrêa, e foi dirigida por nomes como Cacá Rosset e Gerald Thomas.
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Com a estreia de Fábio Furtado e Pedro Jezler na direção, Górgona foi filmado ao longo de cinco anos, durante a produção da peça As Três Velhas, do escritor chileno Alejandro Jodorowsky, dirigida por Maria Alice. As filmagens abordaram desde os ensaios até a temporada de apresentações. As imagens foram feitas sem o objetivo de produzir um documentário, mas, depois, Furtado e Jezler perceberam que havia ali um material importante para a memória do teatro brasileiro.
O nome Górgona – referente a uma figura mitológica que tem a capacidade de transformar em pedra qualquer um que olhe em seus olhos – foi escolhido porque os diretores queriam um título que tivesse relação com o tema de morte, mas sem ser algo literal. “Acho que a imagem é muito apropriada para falar da maneira como Maria Alice tem procurado se acercar desse tema da morte, da proximidade da morte, que é algo difícil de encarar frontalmente”, diz Jezler.
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Segundo Furtado, foi a personalidade cativante de Maria Alice que gerou a vontade de fazer o documentário. “Ela é uma atriz importante para o teatro moderno, que com 76 anos se mantém criativa, apesar do Parkinson e da dificuldade de locomoção.” Ele destaca que ela tem uma personalidade forte e trata as novas gerações de igual para igual, apesar da vasta experiência adquirida nos anos de carreira.
Como Maria Alice e Furtado já se conheciam, isso gerou uma abordagem íntima com a câmera, que trouxe mais naturalidade às conversas gravadas para o documentário e à maneira como ela os tratava. “Nas gravações, Maria Alice gostava da câmera e até reclamava quando não estávamos filmando”, diz Jezler.
[cycloneslider id=”maria_alice_vergueiro”]Por ser um documentário que foi filmado durante longo tempo, foi possível regravar cenas e mostrar a passagem do tempo e seus efeitos, que se tornou um dos objetivos principais da produção. A ideia não era abordar o passado, e sim mostrar como o passado a fez ser quem é hoje. “Fizemos um recorte no momento presente, mas o passado ainda é mostrado por meio de atitudes e falas de Maria Alice.”
Num vídeo em que divulga o documentário, Maria Alice afirma que nunca imaginou que um filme sobre ela daria tanto o que falar. “É a primeira vez que fazem um documentário sobre mim e eu estou orgulhosíssima e feliz de ter um filme só meu”, diz a atriz.
Para Jezler, uma das cenas mais marcantes é quando Maria Alice se aquece antes de entrar no palco e tenta se controlar por causa do mal de Parkinson. A cena pode ser vista no trailer abaixo. Furtado vive a expectativa da recepção do filme: “Queremos que Maria seja representada de maneira fiel e que as pessoas consigam enxergar a personalidade dela”.
O documentário Górgona, sobre a atriz Maria Alice Vergueiro, será exibido na 40ª Mostra Internacional de Cinema São Paulo, no dia 31 de outubro, às 16h20, na Sala 1 do Cine Caixa Belas Artes (rua da Consolação, 2.423, São Paulo).
Veja a seguir trailer do documentário Górgona, sobre a atriz Maria Alice Vergueiro.
https://vimeo.com/187607361