Lançado pela Editora da USP (Edusp), Memórias da Independência faz parte de uma série de publicações do Museu Paulista da USP. O livro traz 15 textos, separados em cinco capítulos, que se referem a datas relacionadas com a Independência do Brasil: 1822 (ano da Independência), 1872 (cinquentenário), 1922 (centenário), 1972 (sesquicentenário) e 2022 (bicentenário).
O primeiro ensaio do livro, A Jornada do 7 de Setembro, de Jorge Pimentel Cintra, mostra a viagem de D. Pedro I no dia 7 de setembro de 1822, de Santos para São Paulo, e como arquivos antigos traçaram erroneamente a rota, já que alguns dos caminhos ainda não existiam.
D. Pedro I embarcou em Santos e desembarcou no porto de Cubatão. O futuro imperador seguiu o caminho a cavalo, com sua guarda de honra, passando por Rio Grande, Rio Jurubatuba, Rio Pinheiros, Estrada do Vergueiro, Rudge Ramos, em São Bernardo do Campo, e Estrada das Lágrimas, até chegar ao Riacho do Ipiranga, onde teria dado o grito “Independência ou Morte!”. O texto é acompanhado de mapas detalhados e explicativos da rota feita por D. Pedro.
Em 1872, o Brasil estava estruturando sua identidade visual através da cultura e comemorando os 50 anos de Independência. Na época, o Museu do Ipiranga estava em construção e o pintor Pedro Américo de Figueiredo e Mello (1843-1905) teve a ideia de pintar um quadro sobre o momento em que foi declarada a autonomia brasileira para compor o acervo da futura instituição. O artigo Independência ou Morte!: do Estudo à Versão Final, escrito por Michelli Scapol Monteiro, explica as nuances da produção, desde a extensa pesquisa histórica até a escolha de poses de cada um dos personagens retratados.
O destaque fica na comparação das duas versões feitas por Pedro Américo, quase como um jogo dos sete erros. A primeira, uma versão teste, pertence hoje ao Ministério das Relações Exteriores, em Brasília. A versão final fica exposta no Museu do Ipiranga. Nessa comparação, é possível perceber diferenças em D. Pedro I. Na primeira versão, ele está sem chapéu, enquanto na segunda, além de ter a peça posicionada na cabeça, também está em posse de cartas enviadas de Portugal. Na obra também há um autorretrato de Pedro Américo, que muda drasticamente a vestimenta: inicialmente eram roupas da burguesia, que mudaram para o poncho, típico da sociedade paulista da época. Outro detalhe que é destacado no ensaio de Michelli Monteiro é que um dos cavalos espirra a água do Ipiranga, reforçando o local em que se passa a pintura.
No capítulo relacionado a 1922, Memórias da Independência traz ensaios que abordam as comemorações do centenário da Independência em São Paulo e no Rio de Janeiro, e também sobre o Monumento à Independência, instalado no bairro do Ipiranga, em São Paulo, e sobre o Museu do Ipiranga na época.