Ouça no link acima entrevista da curadora do 30º Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo, Zita Carvalhosa, concedida à Rádio USP (93,7 MHz) no dia 22 de agosto de 2019.
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O Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo comemora sua terceira década de realização ininterrupta. Desde 22 de agosto até 1º de setembro, ele promove a exibição de 324 filmes de 53 países, em diferentes locais da capital paulista. Um desses locais é o Cinema da USP Paulo Emílio (Cinusp), na Cidade Universitária, que exibirá dez mostras nacionais e internacionais entre os dias 26 e 30 de agosto, como parte da programação oficial do festival.
Dentre as mostras que o Cinusp exibirá estão Cinema em Curso, que apresenta as produções audiovisuais universitárias mais recentes; Mulheres e Cores, com obras que falam sobre feminismo; Jorge Furtado, que homenageia o cineasta brasileiro; e É Nóis na Fita, que dá voz aos jovens da periferia através de seus curtas. Terror na Tela, Diferente Como Todo Mundo e Noite de Kino completam a programação.
Com curadoria da produtora Zita Carvalhosa – que criou o festival há 30 anos – e organizado pela Associação Cultural Kinoforum, o evento este ano abre caminho para um debate sobre a tecnologia e seu impacto na produção e na comercialização dos curtas. “Cinema e vídeo se fundiram no audiovisual, e som e vídeo cada vez mais transbordam da tela para envolver o espectador em experiências intensas e imersivas”, explica Zita no texto de apresentação do festival, publicado no site do evento. Ela também conversou com a Rádio USP (ouça no link acima).
Segundo Zita, os avanços tecnológicos promoveram uma melhora na organização do festival. “Quando começamos, o visionamento era feito a partir do envio de fitas VHS pelos Correios, das mais diversas partes do mundo. As inscrições vinham por carta e, pouco depois, surgiu o fax, que nos permitia uma comunicação mais direta”, lembra a curadora. Isso também acaba melhorando a qualidade dos filmes exibidos, já que o processo de escolha se torna mais rigoroso na medida em que aumenta o volume de inscrições, acrescenta. “Hoje, graças à internet e ao streaming de vídeo, temos acesso a cerca de 3,2 mil curtas internacionais inscritos por ano, e em torno de 700 brasileiros.”
Um dos filmes a serem exibidos dentro da mostra Cinema em Curso, no Cinusp, é Colmeia, no dia 26 de agosto, às 16 horas. Escrito e dirigido por Karinna De Simone, o curta foi produzido como trabalho de conclusão de curso (TCC) na Faculdade Armando Alvares Penteado (Faap), em 2018, e conta a história de uma menina que sonha em representar sua escola no campeonato nacional de robótica. “Quando pequenas, as meninas acreditam que têm a mesma capacidade que os meninos para qualquer coisa, mas, depois de naturalizar o discurso que propõe a existência de trabalhos masculinos e femininos, elas costumam se distanciar de áreas como a ciência”, explica Karinna.
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.Sobre o festival, Karinna comenta: “Eventos como esse são essenciais não só para dar visibilidade aos curtas e ao audiovisual brasileiro, mas também pela experiência que eles proporcionam para público e participantes”. Segundo ela, a oportunidade de troca que projetos desse porte e com essa acessibilidade oferecem é gigantesca. “Isso acaba validando a profissão.”
Nesse ponto, ela e Zita concordam. A curadora do festival comemora as 30 edições, que, como diz, foram realizadas apesar de todas as notícias ruins que envolvem o cenário cultural brasileiro atualmente. E ela diz o que espera para o futuro: “Contamos com os realizadores, os parceiros e a equipe para dar continuidade ao nosso trabalho e ampliar cada vez mais os limites das nossas telas, garantindo um espaço de encontros e trocas que complementa e humaniza tudo que a tecnologia nos traz em termos virtuais”.
A 30ª edição do Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo acontece de 22 de agosto a 1º de setembro, em diferentes locais da capital paulista. Entrada grátis. A programação completa está disponível no site do evento.
O Cinema da USP Paulo Emílio (Cinusp) participa do festival promovendo mostras entre os dias 26 e 30 de agosto, em sua sala na Cidade Universitária (Rua do Anfiteatro, 181, Colmeia, Favo 4). A entrada também é grátis.