
Na sexta e última entrevista da série sobre os objetivos estratégicos da USP, o coordenador de Administração Geral, João Maurício Gama Boaventura, falou com o Jornal da USP sobre a construção dos objetivos estratégicos de gestão e de governança e como eles ajudam toda a Universidade a atingir suas metas.
Os 12 objetivos estratégicos da USP, apresentados no Conselho Universitário do dia 20 de agosto, abrangem as atividades-fim da Universidade – graduação, pós-graduação, pesquisa e inovação, cultura e extensão universitária e inclusão e pertencimento – e a gestão administrativa. Além dos objetivos gerais, também foram definidos os dez objetivos estratégicos para cada uma dessas áreas.

Até o final deste ano, as pró-reitorias e a Coordenadoria de Administração Geral (Codage) deverão apresentar as metas definidas, o plano de ação para atingir essas metas e quais serão os indicadores utilizados para mensurar o desenvolvimento desses objetivos, que deverão ser implementados até o final de 2025.
A construção dos objetivos estratégicos, tanto gerais quanto específicos, faz parte do Projeto Missão, Visão, Valores, Objetivos e Metas para Pró-Reitorias e Gestão (MVV), do qual Boaventura desempenha o papel de coordenador metodológico.
Jornal da USP – Como foi o processo de levantamento dos objetivos estratégicos de gestão e de governança?
João Maurício Boaventura – Os objetivos estratégicos de gestão e de governança foram definidos da mesma forma que os das pró-reitorias, no âmbito do projeto MVV. Tudo começou com a identificação dos stakeholders ou partes interessadas da USP, identificando os públicos que estão sendo impactados pelas nossas ações e também os que estão contribuindo para a criação de valor na Universidade. Uma vez identificados os stakeholders, definir suas necessidades, as suas demandas e interesses, e como a Universidade pode usar suas competências para atendê-los.
Após o levantamento dessas informações, conversando com a comunidade universitária, com os stakeholders, e analisando documentos e estudos, foram organizados workshops temáticos para definir quais seriam os objetivos de cada pró-reitoria e da gestão, quais os que teriam maior ou menor impacto, quais os que agregariam mais valor e os que atenderiam a mais interesses da sociedade. Eu participei de todos os encontros, na coordenação metodológica do processo, mas o workshop específico de gestão foi realizado no campus de Bauru, no dia 20 de junho, e contou com a participação de cerca de 80 pessoas, incluindo o reitor e a vice-reitora, diretores, chefes de departamento, representantes discentes e docentes.
Dessa forma, foram definidos os 10 objetivos estratégicos de gestão e governança, sendo que dois deles integram os 12 objetivos estratégicos da Universidade, que são aqueles que atendem aos interesses de grande impacto da sociedade.

Jornal da USP – E quem são os stakeholders, ou seja, as partes interessadas da Codage?
Boaventura – No final, a sociedade como um todo é o somatório de diferentes públicos, entre eles, os nossos stakeholders, que são todos aqueles que estão nos ajudando a criar valores nos nossos processos. Entretanto, a identificação dos stakeholders torna mais objetiva a análise de um ambiente complexo como o em que estamos inseridos. Na perspectiva da Gestão na Codage, destacam-se stakeholders como docentes, discentes, servidores técnico-administrativos, outras instituições de ensino, agências de fomento, prestadores de serviços e fornecedores, órgãos e empresas conveniadas, entidades de classe, agências reguladoras, entre outros.
Jornal da USP – Quais são as competências da Codage?
Boaventura – De uma forma geral, a Codage tem a competência de gerenciar o processo orçamentário; porém, cada um de seus quatro departamentos – Departamento de Recursos Humanos, Departamento de Convênios, Departamento de Administração e Departamento de Finanças – possui competências específicas para suas áreas, como a elaboração de políticas e práticas para gestão de pessoas e o estabelecimento de parcerias estratégicas com outras instituições.
A definição dos objetivos estratégicos levou em conta uma análise dos meios de que a Universidade dispõe para alcançá-los, ou seja, não foi um exercício de ficção, foi um exercício de planejamento, que identificou os meios e os recursos necessários para dar suporte ao seu desenvolvimento.
Gestão e Governança
Objetivos Estratégicos
Jornal da USP – Quais são as principais considerações sobre os dez objetivos estratégicos definidos para gestão e governança?
Boaventura – Após uma extensa discussão sobre todos os objetivos levantados, dez foram considerados os mais relevantes, os que têm maior impacto na sociedade, atingindo o maior número de stakeholders e utilizando nossas competências mais relevantes. Dos dez objetivos definidos para gestão e governança, os dois principais são o aprimoramento das condições de trabalho e valorização profissional e o investimento em infraestrutura.
É importante lembrar que, quando atendemos a um objetivo estratégico de gestão, impactamos também o desenvolvimento de todos os outros objetivos estratégicos da Universidade. Basta analisá-los individualmente para perceber o impacto deles em todos os setores. Quando falamos, por exemplo, em melhorar as condições de trabalho e promover a capacitação de pessoas, estamos falando de stakeholders internos, de servidores e docentes. Porém, se conseguimos realizar esses objetivos, por conseguinte, nossos trabalhadores vão desempenhar melhor suas funções, vão criar valor para a comunidade, para as empresas, para o governo, para a economia, será possível fazer uma gestão mais eficiente dos recursos, tornando os processos mais eficientes.
A mesma lógica se aplica à infraestrutura. Temos muitas questões a resolver de infraestrutura predial, de tecnologia da informação, de laboratórios, de equipamentos, e o impacto dessas questões na excelência da Universidade é enorme. É só observar o impacto que o Museu Paulista consegue ter hoje, na sociedade, recebendo centenas de milhares de visitantes. Ele estava inoperante, decorrente de uma depreciação de longos anos, e foi necessário investir na restauração do acervo, em reforma, adequações, modernização e manutenção para termos esse equipamento do jeito e com o impacto que temos hoje.
Jornal da USP – Que ações a Coordenadoria de Administração Geral já vem desenvolvendo para alcançar esses objetivos?
Boaventura – Atualmente, estamos desenvolvendo planos de ação para cada um dos objetivos estratégicos, com indicadores, metas e cronograma. O plano de ação vai mostrar o que queremos alcançar em 31 de dezembro de 2025, vai mostrar a situação atual e a meta para cada um dos indicadores dos objetivos estratégicos. O resultado desse trabalho será apresentado no Conselho Universitário do final do ano.