Neurocirurgião da Faculdade de Medicina da USP foi vencedor da categoria Pesquisa Clínica, no 4º Prêmio Desafio Pfizer, uma iniciativa que valoriza a inovação em saúde, em diferentes frentes. O trabalho propôs um aprimoramento na classificação de risco para avaliar a gravidade do traumatismo cranioencefálico, uma importante contribuição para a pesquisa clínica. Os novos critérios poderão auxiliar na realização de avaliações mais precisas sobre a probabilidade de morte do paciente durante a internação. Para falar sobre o assunto, o Jornal da USP no Ar conversou com o vencedor do prêmio, doutor Davi Jorge Fontoura Solla, residente de neurocirurgia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Solla explica que a avaliação da gravidade do traumatismo cranioencefálico é feito a partir de certas características clínicas do paciente, como a idade, e do próprio traumatismo. Atualmente, ele conta que já existe um sistema de escalas que realiza essa avaliação. No entanto, ele não leva em consideração variáveis laboratoriais. “Foi o que a gente propôs como aprimoramento, especificamente na avaliação da função renal do paciente e o estado de coagulação do sangue”. A pesquisa de Solla, portanto, possibilitou a criação de uma proposta de aprimoramento desse sistema, levando em consideração esses fatores.

Ele conta que se trata de um trabalho inicial, “ainda vai demandar algumas etapas posteriores para tentar realmente validar esse resultado e trazer essa aplicação para a prática diária”. A pesquisa foi realizada apenas com pacientes do Hospital da Clínicas. Solla fala da necessidade de também ser testada em pacientes de diferentes instituições. Ele espera que o método ajude a determinar melhor o estado dos pacientes e auxiliar na comunicação com os familiares, “ainda mais em um cenário de limitação de recursos como é o nosso”, ele reforça.
O doutor também destaca que no Hospital das Clínicas, apesar de haver casos de traumatismo craniano de todos os níveis de gravidade, prevalecem os casos mais graves. Daí a necessidade de novas formas de medição, a fim de melhorar a qualidade do atendimento e as chances de cura. O trabalho ainda está em via de publicação. “Certamente, tentaremos algumas colaborações internacionais, fazendo essa avaliação também em grupos de pacientes de outras instituições e outros países, para termos uma resposta mais definitiva”, explica o neurocirurgião.