O que é preciso saber para escrever um trabalho acadêmico

Em artigo na revista “Linha D’Água”, autora discute arte de escrever, a qual, segundo ela, é também um investimento para a vida

 10/07/2018 - Publicado há 6 anos     Atualizado: 21/08/2018 as 16:57

Para especialista, o processo para uma boa escrita científica engloba fundamentar as ideias que se quer defender, tomando cuidado quanto ao excesso de citações, que devem estar incorporadas ao contexto da obra citada como referência bibliográfica – Foto: Marcos Santos / USP Imagens

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Quem entra na Universidade precisa estar ciente que terá de elaborar e produzir trabalhos escritos para avaliação – na hora de escrever um TCC, uma tese ou uma dissertação. A chamada redação científica é complexa, respeita parâmetros determinados e solicita que seus segredos sejam revelados por quem se predispor a trilhar, passo a passo, o caminho de um processo que, ao final, resultará em trabalho científico, fruto do amadurecimento do futuro profissional. Já a escrita que reina nas mídias sociais caracteriza-se pela descontração, pelo descompromisso com a excelência da linguagem, visto a  proliferação, nas redes sociais, de uma escrita que, na maioria das vezes, são mensagens trocadas por WhatsApp e Facebook.

Como diz Maria da Graça Pinto, autora de artigo na revista Linha D’Água, “é clichê dizer-se que nunca se escreveu tanto como hoje… mas escrever muito não significa redigir com correção”. Escrever, nos novos meios de comunicação, nas mídias sociais, não garante uma boa redação: a “escrita-composição” é uma atividade que exige prática constante e que não se limita a juntar palavras. Sendo assim, é importante que os estudantes universitários sejam preparados para a concretização da boa escrita acadêmica, que possui regras específicas, “como uma estrutura regida por normas próprias, estabelecidas internacionalmente”. Nesse intuito, a autora deixa claro que seu objetivo é orientar os estudantes “a redigir trabalhos que se aproximem do que deles espera a comunidade científica que os há de avaliar e que eles seguramente quererão vir a integrar”.

Falando de originalidade, autora recomendada que o aluno revele, na escrita, sua identidade e maturidade na interpretação crítica das leituras que embasaram o trabalho – Foto: Pixabay – CC

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Escrever bem pressupõe o cultivo do hábito da leitura, a perseverança em iniciar-se uma “investigação rigorosa” do tema, baseada em pesquisas aprofundadas para a redação do trabalho. O artigo propõe: “não… a linguagem copiada, mas a linguagem refletida…, pois quem ensina precisa saber ensinar a ler quem está a aprender a escrever”. Outro ponto abordado é a questão da originalidade e, para isso, é recomendado que o aluno revele, na escrita, sua identidade e  maturidade na interpretação crítica das leituras que embasaram o trabalho.  Basicamente, o processo para uma boa escrita científica engloba fundamentar as ideias que se quer defender, tomando cuidado quanto ao excesso de citações, as quais devem estar incorporadas ao contexto da obra citada como referência bibliográfica.

Quem se propõe a fazer um trabalho acadêmico, ainda que o tema já esteja delineado, precisa estar preparado para as surpresas que podem mudar o rumo da escrita, resultantes das pesquisas e investigações feitas ao longo da elaboração do texto: “Esse é o retrato da escrita como aventura, no que ela tem afinal de criativo, mesmo que não se trate da escrita ficcional”. A proposta da autora é “um recado para quem ainda não pratica a escrita com a sistematicidade desejada”, sugerindo um novo olhar do estudante para a importância de aproveitar-se as possibilidades que a pesquisa e a investigação propiciam para o desenvolvimento do tema escolhido e “interiorizar que a escrita, para além de um trabalho, de uma arte, é também um investimento para a vida”.

Maria da Graça Lisboa Castro Pinto é professora catedrática da Universidade do Porto – UP, Porto, Portugal.

PINTO, Maria da Graça Lisboa Castro. Os meandros da escrita académica. Alguns recados aos estudantes universitários. Linha D’Água, São Paulo, v. 31, n. 1, p. 9-27, mar. 2018. ISSN: 2236-4242.  DOI: http://dx.doi.org/10.11606/issn.2236-4242.v31i1p9-27. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/linhadagua/article/view/133916>. Acesso em: 28 abr. 2018.

Margareth Artur / Portal de Revistas da USP


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