Novas regras para defesa de pênaltis melhoraram desempenho dos goleiros, mostra pesquisa

As mudanças foram implementadas em 2019 e permitiram maior impulso e velocidade do goleiro no momento da defesa

 10/05/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 11/05/2022 as 19:54
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Foto: Reprodução/Flickr

Mudança nas regras para a defesa dos pênaltis, proposta pela International Football Association Board (Ifab) e regulamentada pela Fédération Internationale de Football Association (Fifa), tornou os goleiros mais eficientes, segundo pesquisa da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP) da USP. 

A Ifab, associação que regulamenta as regras de futebol, oficializou as mudanças em 2019 e estabeleceu que, no momento em que o cobrador toca na bola, o goleiro deve manter pelo menos parte de um dos pés na linha do gol, permitindo, assim, projetar uma das pernas à frente da linha do gol durante o salto. Antes, o goleiro precisava manter os dois pés na linha e só podia colocar um pé à frente depois que o cobrador do pênalti tocasse a bola.

Com o uso da cinemática, ramo da física que se ocupa da descrição dos movimentos, o aluno Rafael Luiz Martins Monteiro, orientado pelo professor Paulo Roberto Pereira Santiago, da EEFERP, comparou o desempenho dos goleiros saltando com as diferentes regras e concluiu que os goleiros saltam melhor com a regra nova, pois são mais rápidos, conseguindo produzir mais potência, tornando-se, assim, mais eficientes na defesa dos pênaltis.

Paulo Roberto Pereira Santiago – Foto: Arquivo pessoal

O professor Santiago diz que, com a mudança da lei, “os goleiros passaram a fazer um gesto mais natural”, já executado pelos atletas, só que de forma ilegal. O professor lembra que o gesto de colocar um pé à frente para fazer a defesa antes do cobrador encostar na bola não era permitido. Já com a nova regra, que permitiu uma das pernas à frente, os goleiros passaram a saltar melhor. “A Fifa regulamentou a mudança proposta pela Ifab com a justificativa de que era muito difícil para o árbitro conseguir fazer o monitoramento para identificar se havia ou não irregularidade no movimento do goleiro, precisando muitas vezes recorrer, por exemplo, ao VAR (Video Assistant Referee ou, em português, árbitro assistente de vídeo).” 

Rafael Luiz Martins Monteiro – Foto: Reprodução/Facebook

Os resultados da pesquisa mostram, ainda, que a velocidade que conseguem impor ao se deslocar para o lado escolhido, durante a defesa, é apenas um dos fatores que influenciam o desempenho dos goleiros na defesa dos pênaltis. “Além da velocidade, existem muitos outros fatores como, por exemplo, o lado que o goleiro vai saltar, a capacidade de antecipação do goleiro, a estratégia adotada e até o nível de estresse do profissional”, afirma Monteiro.

Outra contribuição do estudo, diz Monteiro, foi identificar que os saltos do goleiro, para o lado da perna não dominante, obtiveram maior deslocamento. “Isso ocorre porque a perna oposta ao lado do salto é a principal responsável pela geração do deslocamento e velocidade lateral (em direção aos cantos do gol). Logo, ao saltar para o lado da perna não dominante, o membro inferior dominante é o principal responsável por gerar o deslocamento e a velocidade lateral.”

Para o professor Santiago esses resultados mostram que o conhecimento científico pode ajudar nos treinamentos e podem ser explorados pelos profissionais do futebol. “Nossas observações ajudam a entender melhor o movimento dos goleiros na hora da defesa do pênalti.” 

Santiago, como incentivador da parceria entre ciência e esporte, lembra que a academia tem muito a contribuir para a formação profissional de atletas, principalmente com os jovens jogadores de futebol.

O trabalho de iniciação científica Análise cinemática do salto do goleiro de futebol no pênalti: efeito de vídeo instrucional e da lateralidade no desempenho do acadêmico, de autoria de Rafael Luiz Martins Monteiro, foi orientado pelo professor Paulo Roberto Pereira Santiago e concluído em dezembro de 2021. 

Mais informações: e-mail paulosantiago@usp.br

Ouça no player abaixo entrevista dos pesquisadores ao Jornal da USP no Ar, Edição Regional.

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