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Mudança nas regras para a defesa dos pênaltis, proposta pela International Football Association Board (Ifab) e regulamentada pela Fédération Internationale de Football Association (Fifa), tornou os goleiros mais eficientes, segundo pesquisa da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP) da USP.
A Ifab, associação que regulamenta as regras de futebol, oficializou as mudanças em 2019 e estabeleceu que, no momento em que o cobrador toca na bola, o goleiro deve manter pelo menos parte de um dos pés na linha do gol, permitindo, assim, projetar uma das pernas à frente da linha do gol durante o salto. Antes, o goleiro precisava manter os dois pés na linha e só podia colocar um pé à frente depois que o cobrador do pênalti tocasse a bola.
Com o uso da cinemática, ramo da física que se ocupa da descrição dos movimentos, o aluno Rafael Luiz Martins Monteiro, orientado pelo professor Paulo Roberto Pereira Santiago, da EEFERP, comparou o desempenho dos goleiros saltando com as diferentes regras e concluiu que os goleiros saltam melhor com a regra nova, pois são mais rápidos, conseguindo produzir mais potência, tornando-se, assim, mais eficientes na defesa dos pênaltis.
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O professor Santiago diz que, com a mudança da lei, “os goleiros passaram a fazer um gesto mais natural”, já executado pelos atletas, só que de forma ilegal. O professor lembra que o gesto de colocar um pé à frente para fazer a defesa antes do cobrador encostar na bola não era permitido. Já com a nova regra, que permitiu uma das pernas à frente, os goleiros passaram a saltar melhor. “A Fifa regulamentou a mudança proposta pela Ifab com a justificativa de que era muito difícil para o árbitro conseguir fazer o monitoramento para identificar se havia ou não irregularidade no movimento do goleiro, precisando muitas vezes recorrer, por exemplo, ao VAR (Video Assistant Referee ou, em português, árbitro assistente de vídeo).”
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Os resultados da pesquisa mostram, ainda, que a velocidade que conseguem impor ao se deslocar para o lado escolhido, durante a defesa, é apenas um dos fatores que influenciam o desempenho dos goleiros na defesa dos pênaltis. “Além da velocidade, existem muitos outros fatores como, por exemplo, o lado que o goleiro vai saltar, a capacidade de antecipação do goleiro, a estratégia adotada e até o nível de estresse do profissional”, afirma Monteiro.
Outra contribuição do estudo, diz Monteiro, foi identificar que os saltos do goleiro, para o lado da perna não dominante, obtiveram maior deslocamento. “Isso ocorre porque a perna oposta ao lado do salto é a principal responsável pela geração do deslocamento e velocidade lateral (em direção aos cantos do gol). Logo, ao saltar para o lado da perna não dominante, o membro inferior dominante é o principal responsável por gerar o deslocamento e a velocidade lateral.”
Para o professor Santiago esses resultados mostram que o conhecimento científico pode ajudar nos treinamentos e podem ser explorados pelos profissionais do futebol. “Nossas observações ajudam a entender melhor o movimento dos goleiros na hora da defesa do pênalti.”
Santiago, como incentivador da parceria entre ciência e esporte, lembra que a academia tem muito a contribuir para a formação profissional de atletas, principalmente com os jovens jogadores de futebol.
O trabalho de iniciação científica Análise cinemática do salto do goleiro de futebol no pênalti: efeito de vídeo instrucional e da lateralidade no desempenho do acadêmico, de autoria de Rafael Luiz Martins Monteiro, foi orientado pelo professor Paulo Roberto Pereira Santiago e concluído em dezembro de 2021.
Mais informações: e-mail paulosantiago@usp.br
Ouça no player abaixo entrevista dos pesquisadores ao Jornal da USP no Ar, Edição Regional.