Dados sobre chuvas são alerta eficaz no combate à ferrugem da soja

Estudo valida sistemas de alertas fitossanitários para o manejo racional da ferrugem asiática da soja no Brasil

 11/04/2018 - Publicado há 7 anos

Pesquisa desenvolvida na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, testou e comparou os sistemas de alerta e controle da ferrugem asiática da soja. Além dos testes, o estudo comparou os sistemas com o método tradicional de alerta, em que as pulverizações de fungicidas seguem o período reprodutivo das plantas. Os resultados indicam que o sistema de alerta baseado em dados de chuva pode ser uma alternativa viável e mais rentável no controle da doença. Causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizie, a doença ataca as folhas da planta, levando à desfolhagem, impedindo a formação completa dos grãos e gerando grandes perdas.

O objetivo do trabalho é minimizar os impactos econômicos e ambientais causados pela incidência de ferrugem asiática da soja no País. “Pesquisas revelam que, em condições de elevada severidade, a ferrugem pode reduzir a produção de lavouras de soja em até 70%”, aponta o pesquisador Gustavo Castilho Beruski, que desenvolveu a pesquisa, descrita em sua tese de doutorado, no programa de Pós-Graduação em Engenharia de Sistemas Agrícolas da Esalq.

Em decorrência da ausência de cultivares resistentes, a ferrugem atualmente é controlada por meio de pulverizações de fungicidas em sistema calendarizado, com início das pulverizações quando as plantas atingem o período reprodutivo e reaplicações em intervalos fixos. “Entretanto, esse sistema não considera as variáveis do ambiente para recomendar pulverizações”, ressalta Beruski. “As consequências diretas são pulverizações ocorrendo em momentos inadequados, reduzindo a eficácia no controle da doença, aumentando custos e impactos no ambiente.”

Sistemas de alerta
O estudo procurou testar e validar diferentes sistemas de alerta e compará-los ao sistema calendarizado de pulverizações. “Os sistemas de alerta baseiam-se nos efeitos das condições meteorológicas sobre a ocorrência de doenças para determinar quando o risco de ocorrência da doença é maior ou menor, assim, o número e o momento das pulverizações podem ser realizados de forma mais efetiva”, relata o pesquisador.

A pesquisa foi conduzida durante duas safras agrícolas (2014/2015 e 2015/2016) em Piracicaba (São Paulo), Ponta Grossa, (Paraná), Campo Verde e Pedra Preta (Mato Grosso). “Dois sistemas de alerta foram utilizados; um deles considerava apenas dados de chuva”, conta Beruski. “Já o segundo considerava dados da duração do período de molhamento foliar e a temperatura do ar durante o molhamento foliar para calcular o risco de ocorrência de ferrugem nas áreas.”

Os resultados evidenciaram que o sistema de alerta baseado em dados de chuva pode ser uma alternativa viável e mais rentável no controle da ferrugem asiática da soja, comparado ao sistema convencional utilizado por sojicultores. Exemplo disso foram os ganhos produtivos médios de 899 quilos por hectare (kg ha-1), 627 kg ha-1 e 407 kg ha-1 obtidos em Pedra Preta, Campo Verde e Piracicaba, respectivamente, alcançados pelo uso do sistema de alerta em questão. “Contudo, cabe ressaltar que esses sistemas de alerta devem ser testados em cada local de cultivo”, observa o pesquisador, “pois modificações nas equações de predição da doença podem ser necessárias, tornando-o representativo para aquela região em específico”.

O trabalho teve orientação do professor Paulo César Sentelhas, do Departamento de Engenharia de Biossistemas da Esalq. A pesquisa teve apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Mais informações: (19) 98169-5447, com Gustavo Castilho Beruski

Caio Albuquerque, da Assessoria de Comunicação da Esalq


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.