Entre Santiago e Portillo, no Chile, encontra-se a impressionante Central Hidrelétrica Blanco, com capacidade instalada de 53 MW. Trata-se de uma hidrelétrica que representa a utilização inovadora e sustentável dos recursos hídricos provenientes dos glaciares. Essa central se destaca por aproveitar a água do degelo glaciar para gerar energia elétrica de maneira contínua e eficiente. Ela é um exemplo notável de como a energia renovável pode ser gerada de forma sustentável, integrando-se ao ambiente natural e contribuindo para a redução das emissões de carbono.
No Chile, as usinas hidrelétricas são comumente denominadas como centrais hidrelétricas, independentemente de sua capacidade de geração. No Brasil, essa categorização é mais específica, sendo as CGH (Centrais Geradoras Hidrelétricas) até 5 MW, PCH (Pequenas Centrais Hidrelétricas) entre 5 MW e 50 MW e UHE (Usinas Hidrelétricas) para capacidades acima de 50 MW. Essa diferença na classificação não altera a importância da contribuição das pequenas e médias hidrelétricas para a matriz energética, tanto no Brasil quanto no Chile.
A Central Hidrelétrica Blanco, ao captar a água do derretimento dos glaciares, enfrenta um desafio crescente: as mudanças climáticas. O aquecimento global tem acelerado o derretimento dos glaciares, o que, inicialmente, pode parecer benéfico para a geração de energia hidrelétrica. No entanto, a longo prazo, esse processo ameaça a sustentabilidade do abastecimento hídrico, essencial para a operação contínua das usinas. A gestão responsável e a adaptação às mudanças climáticas são cruciais para garantir a longevidade dessas fontes de energia.
A relação entre mudanças climáticas e hidrelétricas é complexa. Por um lado, as hidrelétricas dependem de um fluxo constante de água, e a variabilidade climática pode resultar em períodos de seca, comprometendo a geração de energia. Por outro lado, a energia hidrelétrica é uma das fontes de energia renováveis mais limpas e eficientes disponíveis, desempenhando um papel vital na redução das emissões de gases de efeito estufa. Portanto, equilibrar esses aspectos é um desafio constante para a sustentabilidade energética.
No contexto brasileiro, a discussão sobre a transição energética também abrange a otimização das usinas hidrelétricas existentes e a exploração de novas fontes de energia renovável. A experiência chilena com a Central Hidrelétrica Blanco pode servir de exemplo para o Brasil, onde a diversificação da matriz energética e a integração de tecnologias limpas são fundamentais para atender à crescente demanda por energia de maneira sustentável.
A participação da sociedade e a implementação de políticas públicas são essenciais para a promoção da transição energética. No caso da Central Hidrelétrica Blanco, a conscientização sobre os impactos das mudanças climáticas e a importância da conservação dos recursos hídricos são fundamentais. Políticas que incentivem a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias inovadoras são necessárias para garantir a sustentabilidade das hidrelétricas e a segurança energética a longo prazo.
A experiência chilena destaca a importância de uma abordagem integrada, que considera os impactos ambientais e climáticos, promovendo uma geração de energia que seja eficiente e alinhada com os princípios de sustentabilidade. A trajetória da Blanco ressoa como um testemunho das possibilidades que surgem quando a tecnologia, a ciência e a responsabilidade ambiental se unem em prol de um futuro mais verde.
A Série Energia tem apresentação do professor Fernando de Lima Caneppele (FZEA) que coproduziu com Ferraz Junior e a edição é da Rádio USP Ribeirão. Você pode sintonizar a Rádio USP Ribeirão Preto em FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS.
