Amamentação correta garante boa saúde bucal do bebê

Cuidados odontológicos no pré-natal e rede de apoio adequada são fatores que influenciam diretamente o aleitamento materno

 02/09/2024 - Publicado há 6 meses     Atualizado: 03/09/2024 às 12:10
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Foto mostra um bebê amamentando no seio da mãe.
Foto: Anton Nossik/Wikimedia Commons/CC BY 3.0

 

Crianças amamentadas no peito são mais inteligentes e também há evidências de que o aleitamento materno contribui para o desenvolvimento cognitivo. As mulheres que dão de mamar aos seus bebês, têm reduzidos os riscos de hemorragia no pós-parto e de desenvolver câncer de mama, ovários e colo do útero no futuro. É o que informa o portal do Ministério da Saúde. Para discutir o assunto, a Semana Mundial do Aleitamento Materno contou com diversas ações como parte do Agosto Dourado, que teve como tema deste ano Possibilitando a amamentação: fazendo a diferença para mães e pais que trabalham

A Semana Mundial do Aleitamento Materno foi criada em 1990, em uma parceria da Organização Mundial da Saúde (OMS) com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Dessa forma, todos os anos mais de 120 países, com 14 idiomas diferentes, definem um tema a ser debatido e produzem materiais a respeito. 

Segundo a Lei n° 13.435 de 2017, agosto ficou instituído como o Mês do Aleitamento Materno em todo o Brasil, desta maneira são intensificadas ações de conscientização e esclarecimento em diversos setores da sociedade a respeito da importância do tema no decorrer do mês. Este ano foram realizadas palestras e eventos, divulgação nas diversas mídias, reuniões com a comunidade e ações de divulgação em espaços públicos. Em Ribeirão Preto, rodas de conversa foram promovidas por diversas unidades de ensino da USP, dentro e fora do campus.

Amamentação em Ribeirão Preto

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Kranya Victoria Díaz Serrano – Foto: academia.edu

Segundo a odontopediatra Kranya Victoria Díaz Serrano, professora do Departamento de Clínica Infantil da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (Forp) da USP, a situação do aleitamento materno em Ribeirão Preto durante a década de 1990 era preocupante, apenas 12,7% das crianças menores de 6 meses de idade eram amamentadas de forma exclusiva. Devido a esse cenário precário, foi implementado o Projeto Amamentação e Municípios, em 1999, que criou políticas públicas mais eficientes relacionadas com a amamentação. Nessa direção, desde o lançamento da Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil (EAAB) do Ministério da Saúde em 2012, em Ribeirão Preto vêm sendo fortalecidas as ações visando à educação dentro dessa temática.

Para Kranya, o desenvolvimento de políticas públicas na cidade criou uma abordagem e um atendimento estruturado a respeito da amamentação: “Além da sensibilização de diversos setores, essas ações têm possibilitado a qualificação dos profissionais da atenção básica com o intuito de incentivar a promoção do aleitamento e da alimentação saudável para crianças menores de 2 anos”.

Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil busca formar profissionais capacitados no tema no município, com oficinas de formação de tutores que objetivam a qualificação e certificação de profissionais de referência, por meio de curso de formação promovido pelo Ministério da Saúde. Esses tutores passam a ser responsáveis pela disseminação da estratégia desenvolvendo oficinas de trabalho com os profissionais das suas equipes, nas diferentes unidades básicas de saúde, de forma contínua.

Anualmente, os tutores formados, os quais configuram hoje um grupo de 39 profissionais habilitados em Ribeirão Preto, realizam o monitoramento das ações pactuadas e verificam se os critérios preconizados, com base na Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil, são atingidos em cada unidade. Atualmente 49 Unidades Básicas de Saúde de Ribeirão Preto fazem parte da EAAB e 13 unidades já receberam a certificação, o que coloca Ribeirão Preto em um lugar de destaque no Estado de São Paulo.

Saúde bucal do bebê

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Francisco Wanderley Garcia de Paula Silva – Foto: academia.edu

Os cuidados com a saúde bucal do bebê podem e devem começar durante a gestação, uma vez que a qualidade da saúde bucal da mãe está diretamente relacionada à saúde bucal do bebê. Durante as consultas de pré-natal odontológico as gestantes recebem orientações sobre higiene oral, alimentação e cuidados específicos, o que pode ser útil para o bem-estar futuro do bebê.

Para o professor da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (Forp) da USP e odontopediatra Francisco Wanderley Garcia de Paula Silva, “ao manter a própria saúde bucal em dia, a mãe reduz o risco de o bebê desenvolver doenças bucais também. É recomendável que as gestantes incluam o cuidado odontológico em seu pré-natal e adotem hábitos saudáveis, como escovação regular, uso de fio dental, alimentação equilibrada e visitas ao dentista, para promover a saúde bucal não apenas delas mesmas, mas também a do bebê”.

Ainda no pré-natal, consultas odontológicas são importantes para auxiliar na amamentação. Mas logo após o nascimento do bebê, para o professor Paula Silva, o odontopediatra desempenha um papel fundamental no aleitamento materno, ajudando a identificar possíveis problemas, oferecendo orientações preventivas e promovendo um ambiente bucal saudável para o desenvolvimento da criança. Algumas dessas atividades que esse profissional exerce são: avaliação da boca do bebê, correção de problemas de sucção, prevenção de problemas de saúde bucal e suporte à mãe.

Rede de apoio

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Durante a gestação e o nascimento do bebê ocorrem muitas mudanças físicas, emocionais e psicológicas na mulher. Nesse contexto, é fundamental que pessoas próximas à mãe ofereçam suporte emocional e dividam as demandas so bebê, esse auxílio é chamado de rede de apoio.

Um estudo desenvolvido na Forp revela que 82% das gestantes entrevistadas afirmaram ser muito importante a presença da rede de apoio nas consultas de pré-natal. Mais do que isso, os efeitos positivos da rede de apoio se tornam evidentes, inclusive, na amamentação do bebê, como explica a autora do estudo. 

Francisca Marília Cruz Brasileiro – Foto: Researchgate

Para a autora do estudo, Francisca Marília Cruz Brasileiro, “quando relacionamos esse dado com uma escala de apoio social, observamos que as gestantes que têm a companhia da rede de apoio nas consultas de pré-natal reportam maior apoio emocional e informacional, o que significa que elas se sentem mais seguras”. Além disso, Francisca afirma que outros estudos também corroboram que gestantes que possuem acompanhantes nas consultas têm maiores sensações de bem-estar, segurança, além de uma menor predisposição a ter depressão na gestação e no pós-parto.

Para Francisca a rede de apoio é essencial no processo de aleitamento materno, posto que fatores associados à interrupção da amamentação incluem, entre outros, falta de apoio, depressão pós-parto, volta precoce ao trabalho, mastites e dificuldade de pega correta do bebê ao mamilo. “Assim, de forma geral, para que a amamentação de fato se concretize a lactante necessita de apoio, incentivo e motivação, o que a rede de apoio é apta a proporcionar, mediante auxílio que pode e deve fornecer para a lactante, por meio de cuidados com o bebê, ajuda nas tarefas domésticas, companhia e incentivo à superação dos desafios”, afirma Francisca.

*Estagiário sob supervisão de Ferraz Junior e Rose Talamone

O Jornal da USP no Ar, Edição Regional vai ao ar de segunda a sexta-feira, a partir das 12h, pela Rádio USP em Ribeirão Preto, com produção e reportagens da Equipe de jornalismo da Rádio USP Ribeirão. Apresentação: Mel Vieira e Ferraz Junior.  Técnica: Luiz Fontana, Mario Brother e Gabriel Soares. Supervisão: Ferraz Junior. Coordenação: Rosemeire Talamone. Você pode sintonizar a Rádio USP  em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em ribeirao.usp.br  ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


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