Foto: Helbert Rodrigues
Entre 7 e 23 de junho, o Teatro da USP recebe mais uma vez o espetáculo O Avesso da Pele, contemplado no 17º Prêmio Zé Renato e com indicações no 34º Prêmio Shell e Prêmio APCA 2023. O retorno é para uma série de apresentações gratuitas na sala do Tusp Butantã, no Centro Cultural Camargo Guarnieri, na Cidade Universitária. As sessões acontecem às sextas e sábados, às 20 horas, e aos domingos às 19 horas, com um bate-papo após a apresentação do dia 23.
Estas apresentações da montagem oficial do premiado livro de Jeferson Tenório encerram uma temporada de circulação popular que passou neste ano pelos palcos do Teatro da Arena Eugênio Kusnet, Oficina Cultural Oswald de Andrade, Sesc Itaquera e Teatro Paulo Eiró. Com reconhecimento do público e da crítica, o projeto da atual temporada prevê ainda apresentações em teatros da prefeitura na região central e nas zonas Leste, Oeste e Sul da capital, para os públicos de escolas estaduais e municipais.
Idealizada pelo Coletivo Ocutá, sob a direção de Beatriz Barros, com Alexandre Ammano, Bruno Rocha, Marcos Oli e Vitor Britto no elenco, a peça estreou em 2023 no Sesc Avenida Paulista, com temporadas no Galpão do Folias e na sala principal do Tusp, seguindo então para o Rio de Janeiro, sempre com sessões lotadas.
A peça adapta uma contundente obra da nova ficção literária brasileira que trata de identidade, paternidade, sucateamento da educação pública brasileira e das relações afetivas. O autor Jeferson Tenório explica que desde o princípio do projeto entendeu que algo especial estava por vir. “Sinto que, depois de tudo, eles frequentaram as raias e as raízes do que escrevi. Frequentaram os infernos das personagens e regressaram com arte e delicadeza. E é justamente por isso que me comovo, porque meu romance, O Avesso da Pele, nasceu outra vez. Ganhou corpo, voz e materialidade”, afirma o autor radicado em Porto Alegre.
O livro, vencedor do Prêmio Jabuti 2021 na categoria romance literário, voltou ao noticiário neste ano após um episódio de censura em que chegou a ser recolhido de escolas no Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul, depois que a diretora de uma escola do Rio Grande do Sul pediu o banimento do título com base em uma equivocada justificativa sobre o uso de “expressões impróprias” para menores de 18 anos.
A trama é narrada por Pedro que, após a morte do pai –Henrique, um professor de escola pública assassinado em uma desastrosa abordagem policial, ao voltar para casa após uma aula–, encontra aí o ponto de partida para uma investigação do passado. Na cena, os atores se alternam entre personagens, em um movimento em que todos serão pai e filho em certo momento. O cenário é o apartamento de Henrique, no qual Pedro observa os objetos ali presentes e os utiliza como o início da recuperação da história de seu pai. O que está em jogo é a vida de um homem abalado psicologicamente pelas inevitáveis fraturas existenciais da sua condição de homem negro em um país racista.
Três pontos temáticos fundamentais da obra justificaram a escolha do Coletivo Ocutá em realizar a montagem: a abordagem literária construída por Jeferson Tenório sobre os debates raciais, a construção de uma narrativa que expõe a paternidade negra e suas complexidades e, por fim, as questões acerca da educação pública no Brasil.
Serviço
Peça teatral O Avesso da Pele
Onde | Tusp Butantã – Rua do Anfiteatro, 109 (acesso pela lateral direita do prédio, ao lado do bloco C), Cidade Universitária, São Paulo-SP
Quando | De 7 a 23 de junho de 2024 (sextas e sábados, às 20h; domingos, às 19h). Será realizado um bate-papo após a apresentação do dia 23
Quanto | gratuito, com ingressos distribuídos no local uma hora antes de cada sessão
Classificação indicativa | 14 anos
