Mostra reúne dança contemporânea com a cosmovisão indígena e elementos da cultura guarani

São espetáculos, rodas de conversa, projeções de audiovisual e atividades com os Guarani M’byá nos espaços do Tusp e do Centro MariAntonia

 Publicado: 07/03/2025 às 17:22
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Foto: Vitor Vieira

 

Entre os dias 14 e 30 de março a Cia. Oito Nova Dança ocupa espaços no Teatro da USP e no Centro MariAntonia da USP para celebrar 25 anos de criação artística e partilhar os resultados de um aprofundado encontro com o povo guarani na mostra Tríptico LÁ | ESQUIVA | JURUÁ & Desdobramentos com os Guarani M’Byá. O projeto foi contemplado na 36ª Edição do Programa Municipal de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa.

A mostra é inspirada na ideia de corpo ancestral, na cosmovisão indígena e em encontros com os Guarani, desembocando na questão ambiental através das águas do mundo. A programação totalmente gratuita conta com três espetáculos, instalação audiovisual e apresentações especiais de uma roda de Xondaro e do coral Guarani M’byá da Aldeia Kalipety, de Parelheiros, na zona sul da capital.

Serão realizadas também rodas de conversas com os temas Esquiva Guarani, com as lideranças indígenas Jera Guarani e Karai Tiago e o antropólogo Lucas Keese; Indigenizar a cidade, dançar a cidade, com o antropólogo Renato Sztutman e as lideranças indígenas Emerson de Oliveira Guarani e Lilly Baniwa; A cidade nas lutas das aldeias e das quebradas, com a antropóloga Valéria Macedo e as lideranças indígenas Pará Reté Minduá Marilene Bolgarin, Pará Mirim Jaciara Martim, Karai Djekupe e Jurandir Martim e, no último dia, uma conversa com o grupo sobre o processo criativo do Tríptico LÁ | ESQUIVA | JURUÁ.

A intervenção urbana Esquiva (2016) abre a mostra, a partir da dança contemporânea e da música, com inspiração na cosmovisão dos Guarani M’byá para refletir sobre a presença dos povos originários em nossas cidades. O espetáculo está associado e fundamentado à atitude da esquivar, presente no rito de treinamento do guerreiro Guarani M’byá denominado Xondaro, uma manifestação cultural guarani que contempla não só dança e música, mas também todo o modo de ser guarani.

Lá, nos Corpos D’Água. Foto: Matheus José Maria

O segundo espetáculo, Juruá (2018), também se inspira pela leveza e resistência dos xondaro, guerreiros e guardiões guaranis e de sua dança de enfrentamento e esquiva. Mas neste trabalho o material é friccionado para gerar um espetáculo de palco. O termo “juruá” refere-se a um dos modos como esse povo se refere aos não indígenas. A relação entre a Cia. e o povo Guarani, que se estabelece pela diferença, é a conexão que possibilita aprendizados e alianças.

Em Lá, nos Corpos D’Água (2024), a Cia Oito Nova Dança evoca a água como elemento intermediador dos corpos: humano, vegetal, animal, geográfico… Corpos do mundo, abertos e expostos, ou encobertos e submersos na cidade. Uma performance que transita entre linguagens artísticas distintas como dança, música, videoarte e iluminação, com elementos ligados às questões ambientais.

Em todos os dias de apresentação, o público assiste a uma instalação com a projeção de material audiovisual com o trabalho de campo junto aos guaranis nas aldeias e filmes, além de registros de desdobramentos artísticos da Cia. Oito Nova Dança a partir da matéria poética e criativa abordada na mostra.

A Cia. Oito Nova Dança reúne há 25 anos uma geração de artistas que opta pela pesquisa enquanto procedimento de criação e elaboração de sua produção cênica. Uma geração que busca bases em uma práxis artística cênica tida por “contemporânea”. Nessa designação, o conceito de “corpo cênico” passa a apresentar como traço principal exigências muito próprias em seu modo de trabalhar as práticas e poéticas. São artistas que se caracterizam por unir investigação artística e pedagogia do movimento com o aporte de técnicas somáticas –princípios atrelados à ideia de “corpo natural”, que potencializa a autonomia criativa do intérprete, possibilitando assim a inscrição de suas próprias autorias. No repertório coreográfico da Cia. Oito Nova Dança a corporeidade tem sido motivada por uma matriz poética recorrente –natureza, memória, preservação, transformação– e os processos de criação vêm sendo elaborados nas interfaces entre dança, música e artes visuais.

 

Serviço

Tríptico LÁ | ESQUIVA | JURUÁ & Desdobramentos com os Guarani M’byá | Mostra Cia. Oito Nova Dança

Quando: 14 a 30 de março
Onde: Teatro da USP (Tusp) e Centro MariAntonia – Rua Maria Antônia, 294, Vila Buarque, São Paulo
Quanto: Grátis, distribuição de ingressos na bilheteria uma hora antes.

Projeto contemplado na 36ª Edição do Programa Municipal de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa

Programação da Mostra

Intervenção urbana: Esquiva
14, 15 e 16/03 | sexta – 18h; sábado – 16h; domingo – 18h
Praça sem nome*

Coral Guarani M’Byá
15/03 | sábado – 17h
Praça sem nome*

Roda de Xondaro
15/03 | sábado – 18h
Praça sem nome*

Roda de Conversa: Esquiva Guarani M’Byá
15/03 | sábado – 19h
Saguão Edifício Joaquim Nabuco

Lá, nos Corpos d’Água
21, 22 e 23/03 | sexta – 21h; sábado – 21h; domingo– 19h
Tusp Maria Antônia

Roda de Conversa: Indigenizar a Cidade, Dançar a Cidade
21/03 | sexta – 19h
Sala Experimental Tusp

Juruá 
28, 29 e 30/03 | sexta a domingo – 17h
Tusp Maria Antônia

Roda de Conversa: A Cidade nas Lutas das Aldeias e das Quebradas
29/03 | sábado – 18h30
Tusp Maria Antônia

Roda de Conversa: Processo Criativo Tríptico LÁ | ESQUIVA | JURUÁ
30/03 | domingo – 18h30
Tusp Maria Antônia

* Em caso de chuva no horário das atividades ao ar livre, o local será alterado.


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