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O Centro MariAntonia realiza, a partir do dia 29 de agosto, às 17 horas, o ciclo de música Lusofonia: a canção no século dourado ibérico, com concertos gratuitos, abertos ao público, sem necessidade de inscrição.

Serão seis concertos comentados dedicados à ancestralidade ibérica, por meio da performance dos cancioneiros renascentistas portugueses. O cravista Pedro Diniz, idealizador do projeto, explica que “um cancioneiro é uma coletânea de canções prediletas de determinada cultura, reunidas com o objetivo, por parte do compilador e/ou da instituição compiladora, de colecionar, de preservar e de disseminar o repertório. Através destes preciosos registros de música e de poesia, vislumbra-se a sociedade de origem, de maneira que se tornam uma chave essencial para compreensão panorâmica de seu tempo. Ao abrir estes fólios, deparamo-nos com os vestígios da vida lúdica que florescia em torno do cancioneiro: reler, reinterpretar, reinventar, ressuscitar estas canções após cerca de quinhentos anos de esquecimento é uma belíssima tarefa; é como abrir uma arca de tesouros e não compreender bem o motivo de todas aquelas joias serem familiares. Chama-se tradição.”

Breve resumo
As histórias e personagens do Velho Mundo, seus sonhos, crenças, amores e temores expressam-se nos cancioneiros lusitanos em música e verso. No trajeto de diáspora e colonização portuguesa, toda essa bagagem cultural, poético-musical e afetiva aportou em nosso continente – em uma trajetória que, longe de ser pacífica, foi marcada pela violência e pela ocupação territorial. Por múltiplos caminhos, unida às ricas e diversas culturas dos povos originários da nossa terra e das diversas tradições africanas, esta maneira de cantar reinventou-se e espalhou-se por todos os cantos de um país em formação. Esta tradição ecoa nos cantos e festas tradicionais brasileiras, em que personagens, imagens e sonoridades contam histórias de mares e florestas, fé e encantamentos; histórias que se dão além da realidade, no reino da lenda e do folclore popular. Assim, as relações entre a ancestralidade ibérica e a lírica brasileira se desenvolveram em um processo de transformação que reverbera até os dias de hoje, desde os cantos dos trovadores medievais, prolongando-se pela poética e musicalidade dos cancioneiros portugueses.

Programação

Quinta-feira, 29 de agosto, às 17 horas
A canção de Juan de Cornago
Fernanda Ribeiro / Giulia Tettamanti / Iara Ungarelli / Pedro Diniz