Em julho deste ano, completou um ano desde a legalização da venda de maconha no Uruguai. O processo de abertura para a droga começou em 2013 e passou por diversas etapas, até chegar na produção controlada pelo Estado e a venda da erva em farmácias licenciadas. Com o intuito de reduzir a violência, o encarceramento e o tráfico de drogas, o então presidente, José Mujica, deu início ao processo de legalização do uso da maconha.
Para comentar sobre os efeitos dessa legalização a Rádio USP entrevistou Júlio Delmanto, doutorando em História Social pela Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e pesquisador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos (NEIP). “Hoje em dia já existem políticas de controle de drogas sem precisar mudar as convenções internacionais. Pesquisas mostram que não aumenta a procura pela droga se ela é legalizada ou não, como também diminuiu o poder do tráfico e a violência”, afirma Delmanto.
Após cinco anos dessa liberação, o cultivo estatal é encarregado de abastecer as farmácias. Além disso, ainda é possível a plantação individual, de até seis mudas por pessoa, e os clubes de cultivo, que podem contar com até 45 membros. Delmanto analisa que por um lado é bom existir alguma forma de controle social do Estado, por outro há todos os vícios desse controle estatal como a política, negociatas, trocas, burocracia.
Antes mesmo da legalização, o uso da maconha nunca foi criminalizado no país, mas quando Mujica iniciou o processo de abertura e produção, 70% da população se declarava contrária à lei. Atualmente, 44% é a favor e 41% contra, de acordo com a pesquisa do Monitor Cannabis. O Monitor é um centro de estudos da Faculdade de Ciências Sociais da Universidad de La República, em Montevideo.
A experiência uruguaia influenciou outros países como o República Tcheca, Canadá, Portugal e Espanha, que também estão trabalhando em legislações para descriminalizar e legalizar o uso da maconha.
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