O físico Paulo Nussenzveig volta a falar sobre a relação entre filosofia e filosofia da ciência ao comentar a entrevista do jornalista Philip Ball com a filósofa da ciência Michela Massimi para a revista QuantaMagazine, publicada com o título “Questionando Verdade, Realidade e o Papel da Ciência”. “Ball argumenta que certos caminhos percorridos na física contemporânea, como a teoria de cordas e a ideia de multiversos, por estarem muito distantes da nossa capacidade tecnológica de testá-las experimentalmente, levariam os físicos a encontros inevitáveis com a filosofia”, conta. “Segundo ele, isso é fator motivador para defender o papel da filosofia na ciência”.
Michela Massimi, da University of Edinburgh (Reino Unido), recebeu a Medalha Wilkins-Bernal-Medawar da Royal Society britânica, entregue em maio de 2018. “Em seu discurso de aceitação do prêmio, ela defendeu que a importância da ciência e da filosofia da ciência não se limita a perspectivas de utilidade imediata”, afirma o físico. “Essas atividades precisam ser reconhecidas como parte de nossa herança cultural, parte das aspirações que nos fazem humanos.”
“Michela discute esse assunto contrapondo que, muitas vezes, esses cientistas partem da premissa (falsa, segundo ela) de que a filosofia precisa ser útil para os cientistas. Caso contrário, ela seria totalmente inútil”, diz Nussenzveig. “Ela argumenta que, além de poder ter utilidade para a ciência, a filosofia é útil na formação cultural da humanidade. Filósofos constroem narrativas sobre a ciência. Filósofos, muitas vezes, se dedicam a analisar cuidadosamente as hipóteses mais fundamentais presentes no trabalho de cientistas que, por vezes, passam despercebidas.”
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