Terapia on-line cresceu na pandemia e pode oferecer bons resultados

Apesar de já estar regulamentado pelo Conselho Federal de Psicologia há dois anos no Brasil, especialista alerta que sejam utilizados mesmos critérios dos consultórios presenciais para a procura do terapeuta ideal

 25/09/2020 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 02/10/2020 as 12:59
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Foto: Bruno-Emmanuelle / Unsplash

O ano é 2020 e uma pandemia fez o mundo parar. A pressão, o medo constante, o isolamento e a instabilidade do período aumentaram sentimentos de ansiedade, crises de pânico e até depressão. Toda esta instabilidade emocional fez aumentar a busca por consultórios psicológicos que atendem on-line. Mas, mesmo muito utilizado, o modelo de consulta ainda levanta dúvidas sobre a eficácia das sessões.

A crise mundial do novo coronavírus aumentou a procura, mas a terapia remota já vem sendo utilizada há um bom tempo. No Brasil, o modelo de acompanhamento tem regulamentação no Conselho Federal de Psicologia desde 2018. E são muitos os motivos pelos quais as pessoas optam pela terapia on-line, como a estudante de jornalismo Laís Garcia Soares Magalhães, que decidiu tentar a versão on-line após ficar a mais de 1000 km de distância da sua psicóloga, ao mudar para Ribeirão Preto depois de ingressar na faculdade. 

Laís conta que realiza consultas com a mesma terapeuta desde os seis anos de idade; diz que, graças ao acompanhamento, conseguiu enfrentar as crises de ansiedade e os rituais do seu Transtorno Obsessivo-Compulsivo (Toc). E a terapia on-line foi a alternativa que a estudante encontrou para não abandonar o tratamento, já que não encontrou nenhum outro terapeuta com o qual se identificasse e se sentisse bem. 

Há seis meses em tratamento remoto, Laís assegura que os efeitos têm sido muito positivos, principalmente diante do novo cenário que se instalou desde março deste ano. Além de permanecer com a mesma psicóloga, a estudante diz que vê outros benefícios na terapia on-line, como o fato de poder fazer as consultas em um ambiente familiar. “Por exemplo, eu sou atendida dentro da minha casa, estou dentro do meu quarto, e isso muitas vezes ajuda muito”.   

Assim como Laís, o ator Marcelo Rodrigues de Carvalho também optou pelas sessões virtuais. Carvalho conta que fez a escolha após perceber que já não conseguia mais conciliar sozinho o trabalho e a faculdade durante a pandemia. “Eu procurei alguém que, quando voltasse a consultar pessoalmente, não estivesse longe de mim, porque na minha cidade não tem muitos consultórios”. 

Para o ator, a terapia o ajudou a descobrir outros problemas que sempre estiveram presentes e ele não conseguia ver. Diz que os atendimentos on-line têm “funcionado muito bem, mesmo na quarentena” e que encontrou a fórmula para o apoio que precisava para enfrentar as dificuldades, “chamada de vídeo, só você, seu celular e o terapeuta do outro lado”.

Segundo a psicóloga Edilene Mendonça Bernardes, do Centro de Orientação Psicológica (Copi) da USP, apesar da regulamentação e das diretrizes éticas que os psicólogos devem seguir no ambiente virtual, é possível encontrar indivíduos que oferecem serviços sem estarem preparados para tal, inclusive apresentando uma “formação inapropriada para oferecer determinados tipos de trabalho”. 

Por isso, a psicóloga alerta que os pacientes devem procurar o terapeuta ideal com o mesmo critério utilizado para os consultórios presenciais. Diz que “é importante ter referências e saber se esse profissional está devidamente registrado no Conselho de Psicologia, além de estar autorizado a realizar o atendimento on-line”. E afirma que “existe sim um trabalho sério sendo realizado, mas também é preciso se precaver”.  

Edilene também aconselha profissionais que oferecem atendimento on-line a analisarem os aplicativos e programas que utilizam durante as consultas. A psicóloga afirma que é preciso que “o consultório virtual também consiga proteger as informações do paciente e o trabalho dos riscos da utilização dessas informações de forma inadequada”, finaliza. 

 


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