Acompanhe a entrevista do radialista Cido Tavares com o sociólogo Augusto Rodrigues, colunista da Rádio USP:
Se o cenário político brasileiro já andava conturbado, com o recente impeachment de Dilma Rousseff e a cassação do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara, tudo piorou com a denúncia, pelo Ministério Público Federal do Paraná, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, nesta quarta-feira (14). A Operação Lava Jato identificou Lula como a cabeça por detrás do esquema investigado pelos procuradores que nela atuam.
Em entrevista à Rádio USP, o sociólogo Augusto Rodrigues, colunista da emissora, classifica o episódio como muito grave, “um libelo quase final contra o PT e o ex-presidente”. Para ele, a situação de Lula está se complicando e há um grande risco de que o líder petista acabe na prisão. Rodrigues disse ter ficado impressionado com a forma como as provas foram apresentadas, o que sinaliza para o final de um processo.
Ele também acredita que o episódio desta quarta-feira, que maculou profundamente a imagem já bastante manchada do PT, terá reflexos nas eleições municipais, inclusive em São Paulo, onde o petista Fernando Haddad concorre à reeleição para prefeito. Para o colunista da Rádio USP, o próprio sistema político brasileiro está “carcomido de ponta a ponta”, o que reforça a necessidade urgente e vital de uma reforma política, que não pode mais ser abreviada. Segundo ele, só a reforma política pode trazer melhores expectativas sobre o futuro de um país cuja economia ainda precisa dar a volta por cima e retomar os trilhos do crescimento, promovendo de imediato o ajuste fiscal e a reforma da Previdência.
Além do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Lava Jato denunciou formalmente a ex-primeira dama Marisa Letícia; o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto; o ex-presidente da OAS, José Aldemário Pinheiro; Paulo Gordilho, engenheiro e ex-executivo da OAS; Agenor Franklin Magalhães Medeiros, ex-executivo da OAS; Fábio Hori Yonamine, ex-presidente da OAS Investimentos; e Roberto Moreira Ferreira, ligado à OAS. O ex-presidente teria recebido, em lavagem de dinheiro, R$ 3,8 milhões. O MPF pede o confisco de R$ 87 milhões dos denunciados, valor que teria sido desviado de três contratos da OAS em obras das refinarias Abreu e Lima (PE) e Repar (PR).