Ph.D. pela Universidade de Londres e ex-diretor da Faculdade de Medicina da USP, o professor Silvano Raia ficou mundialmente conhecido por realizar o primeiro transplante de fígado entre pessoas vivas no mundo. O procedimento só é possível graças à capacidade única de regeneração que o órgão possui. Buscando alternativas para os que não dispõem dessa característica, a USP tem pesquisado o xenotransplante, transferência de órgãos entre espécies diferentes.
De acordo com Silvano Raia, apesar da proximidade cerebral do ser humano com o macaco, o porco é o animal mais compatível biologicamente para o método. A pesquisa, no entanto, apresenta alguns entraves. É possível que o organismo do receptor rejeite o transplante. Outra questão é que, juntamente com o órgão, poderiam ser transferidos vírus do animal. Pesquisas mais recentes propõem modificar os genomas de filhotes de suínos, tornando-os livres e imunes aos vírus.
O especialista conta que o estudo ainda não atingiu a fase dos testes clínicos, esperado para daqui a dois anos. Ele relata, ainda, que a pesquisa aponta para o rim como o órgão mais suscetível a esse tipo de transplante. Nos EUA, por exemplo, um macaco que passou por esse procedimento ainda está vivo passados mais de 600 dias desde a operação.
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