Resgate de animais em enchentes: garantir a segurança é primordial

Caio Motta diz que a atuação dos socorristas deve se ater às particularidades e peculiaridades dos diferentes tipos de animais, sejam de pequeno ou de grande porte, domésticos ou silvestres

 20/05/2024 - Publicado há 1 mês     Atualizado: 22/05/2024 as 9:12
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É preciso lembrar que, durante o resgate, os animais estão assustados, muitos deles estão debilitados e longe de seus tutores, sendo socorridos por pessoas desconhecidas – Foto: Guilherme Pereira/Prefeitura Municipal de Canoas
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A Defesa Civil do Estado estima que cerca de 20 mil animais sejam resgatados no Rio Grande do Sul. Até o momento foram salvos mais de 12 mil animais, que vão de cães a cavalos e vacas. O governo do Estado firmou uma parceria com a Organização Não Governamental Grupo de Resposta a Animais em Desastres (Grad). O termo de cooperação prevê o trabalho conjunto de planejamento, gestão, monitoramento e execução das atividades desenvolvidas em resgates de animais. 

O Brasil conta com um Plano Nacional de Contingência de Desastres em Massa do Conselho Federal de Medicina Veterinária envolvendo animais. O documento foi criado para dar suporte aos veterinários que estão em campo trabalhando no resgate. Esse documento tem orientações com diretrizes de como conduzir o resgate, a assistência veterinária, a manutenção e a destinação desses animais domésticos e silvestres, detalha Caio Motta, professor da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP de Pirassununga. “O plano vale para diferentes tipos de desastres, incluindo incêndios, enchentes e rompimento de barragens. Ele dá referências para atuação, que deve ser adaptada a cada situação de tragédia com suas devidas particularidades e peculiaridades.” É preciso lembrar que, durante o resgate, os animais estão assustados, muitos deles estão debilitados e longe de seus tutores e sendo socorridos por pessoas desconhecidas. 

Caio Motta – Foto: FZEA/USP

“Numa situação dessa são necessários cuidados para garantir a segurança do animal e da equipe que está realizando o resgate. No caso de animais de grande porte, uma das grandes dificuldades é com relação ao transporte, porque são animais, no geral, muito pesados e que não podem ficar muito tempo deitados. Diversos equipamentos podem ser utilizados, dependendo da espécie, um dos mais comuns é o cambão, um puçá, redes, cordas e coletes salva-vidas, no caso de animais que tenham que ser transportados em enchentes, em botes, caixas de transporte. No caso de animais silvestres, muitas vezes precisa de equipamentos específicos, como ganchos de cobra ou redes específicas para captura de aves. Animais muito grandes muitas vezes precisam ser resgatados com helicópteros. Alguns precisam ser sedados, animais silvestres, por exemplo, carnívoros como uma onça, um lobo, muitas vezes eles precisam ser sedados. Aí pode ser necessário o uso de um rifle anestésico.”

Linha de frente

Os médicos veterinários estão na linha de frente da ação, mas há outros profissionais que contribuem para esse serviço como bombeiros, socorristas, brigadistas, no caso de incêndios, por exemplo. É sempre uma equipe multidisciplinar composta também de pessoas que têm experiência na situação de desastre. No caso de animais silvestres é importante a participação de biólogos.

No caso de animais machucados, os cuidados devem ser redobrados. É importante que eles sejam observados, inicialmente a distância, e que essa abordagem seja realizada com cuidado. Uma vez que o animal está contido, ele vai receber uma estabilização inicial pelo médico veterinário, para que possa ser transportado e receber o tratamento e assistência veterinária adequada, em um lugar que tenha mais estrutura para tratar o machucado ou a lesão que apresente.

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