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O programa Ambiente é o Meio desta semana conversa com Kâhu Pataxó, liderança dos povos indígenas do sul da Bahia e estudante de Direito na Universidade Federal da Bahia (UFBA), sobre as lutas para a manutenção da integridade física e cultural de seu povo.
Conta o estudante que há dez anos as lideranças indígenas da Bahia unificaram a luta de seus povos, criando a aliança Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas do Estado da Bahia (Mupoiba), para combater um inimigo único. “A gente percebeu que só tem um inimigo”, diz Kâhu, explicando tratar-se do capitalismo, que tem fomentado a invasão de terras indígenas para o plantio de soja e empreendimentos turísticos, visando ao “ganho econômico”.
Ao lado do capitalismo, Kâhu reclama da falta de assistência do Estado brasileiro, ao mesmo tempo que destaca a importância do Estado na garantia dos direitos dos povos indígenas. Cita os artigos 231 e 232 da Constituição de 1988 que reconhecem esses povos, sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, além dos direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam.
Sobre as demais ameaças, como a grilagem e a exploração das terras por fazendeiros e empresas privadas, Kâhu diz que se trata dos “executores desse grande inimigo [capitalismo]”. Por isso, lutam e “falar sobre a nossa luta, a luta dos povos indígenas, é falar muito da nossa vida”, afirma o líder, adiantando que vivem em luta há 521 anos. E o massacre, segundo Kâhu, não é apenas físico, mas também cultural.